O processo
interventivo do Serviço Social, na perspectiva crítica se efetiva através
dos chamados momentos metodológicos que
se articulam organicamente, uma vez que são referenciados pelo método
dialético.
Para a efetivação
desses momentos é preciso o profissional utilizar:
As
abordagens (individual, grupal e comunitária), os instrumentos, as técnicas e
as atividades que se constituem
instâncias concretas e motivadoras para a população uma vez que, buscam
responder às suas necessidades. Como a nossa particularidade é a assistência
Social as atividades se configuram nessa área. Entretanto, são as ações profissionais que vão concretizar
os objetivos profissionais.
Como fazer
– processo interventivo do Serviço Social.
Momentos
metodológicos - “o método é um conjunto de procedimentos interligados e
interdependentes, que fundamentado em uma teoria científica de análise da
realidade, adaptado a ela, permitirá
orientar as experimentações profissionais, em oposição aos modelos mecanicistas
do conhecimento”. Objeto e sujeito não existem independentemente.
Momentos
metodológicos:
· conhecimento sistematizado da realidade (dimensão investigativa);
· estabelecimento de estratégias e táticas (dimensão
estratégica);
· avaliação (dimensão avaliativa).
Estas três
instâncias se desenvolvem articulando objeto e objetivo.
Para a
efetivação desses momentos é preciso o profissional utilizar:
As abordagens
(individual, grupal e comunitária), os instrumentos, as técnicas e as atividades que se constituem instâncias
concretas e motivadoras para a população uma vez que, buscam responder às suas
necessidades. Esses momentos pressupõe criar formas de registro, pesquisar,
planejar, monitorar e estabelecer indicadores de avalição. Como a nossa
particularidade é a assistência Social as nossas ações se configuram nessa
área. Dessa forma, as ações profissionais é que vão concretizar os
objetivos profissionais.
1º MOMENTO
DE CONHECIMENTO SISTEMATIZADO DA REALIDADE – DIMENSÃO INVESTIGATIVA.
A teoria e
o método encontram-se imbricados na perspectiva marxista o que implica:
·
reconhecer a classe trabalhadora como sujeitos da ação profissional;
· a ação
profissional é construída como processo dinâmico, percebida como processo e
como movimento, portanto, desconstruída e reconstruída cotidianamente, a partir
do lugar onde é desenvolvida, contemplando a
análise conjuntural,
institucional, social na perspectiva da totalidade da vida social. A condição
para reconstrução da realidade é a unidade sujeito /objeto que implica na
relação de unidade entre teoria e prática.
Para
compreender e intervir na realidade com competência é preciso:
·
competência teórica, técnica, política, ética e relacional.
O
Assistente Social em sua prática cotidiana defronta-se com:
· imposições
institucionais - normas rígidas,
regulamentos, normas ligadas a valores políticos, religiosos, culturais,
étnicos, diferenças de projeto de sociedade. O importante é nessa contradição
buscar possibilidades para construir projetos que venham a superar limites
institucionais na direção da consecução dos objetivos profissionais e do
atendimento com qualidade à população usuária.
· fenômenos
conjunturais – momento histórico favorável ou desfavorável, para caminhar
na direção do projeto de sociedade de interesse da população usuária. Por isso
é fundamental saber decifrar a conjuntura econômica, política, administrativa
da instituição seja pública ou privada.
· fenômenos
estruturais - impostos pelo sistema
capitalista.
· limitações
profissionais - falta de clareza do
projeto político crítico da profissão, bem como da suas identidade profissional
, bem como desatualização profissional, bem como não participação em fóruns de
discussão dos interesses coletivos.
Para uma
prática com efetividade é preciso conhecer a realidade (através da pesquisa), analisando
as seguintes questões:
·
econômicas – relações de produção; conhecer o lugar que os usuários
ocupam no modo que a sociedade tem de produzir a riqueza, ou seja a ralação com
o trabalho;
· ideológicas,
políticas e culturais – estrutura de poder derivada das relações
sociais dadas relações de forças,
mapeamento ideológico, valores, interesses, aspirações, consciência,
representações, entre outros.
· sociais – de educação, de lazer, de
segurança, de habitação, saneamento básico, dinâmica familiar, e as outras
questões que compõem a qualidade de vida do homem.
É importante
compreender que estas questões serão identificadas a partir das demandas postas
pela população usuária, que nada mais são que as expressões concretas da vida
cotidiana decorrente do trabalho, que se constitui a instância fundante da
sociabilidade. Estas expressões são configuradas nas diversas relações
estabelecidas no trabalho, família, vizinhança, nos bairros, sindicatos,
associações, igrejas, etc.
Daí, que estas
demandas têm que ser compreendidas a partir das relações de produção
capitalista e da correlação de forças que possa existir na sociedade
brasileira, compreendendo e decifrando à questão social. Dessa forma, o
assistente social poderá localizar na totalidade os elementos constitutivos das
singularidades. A ação profissional terá como fundamento a realidade concreta,
a partir da interpretação crítica, visando a superação.
Nessa perspectiva
entende-se que a modificação do todo só se realiza, após um acúmulo de mudanças
nas partes que o compõem.
A partir daí,
poderá realizar-se a interpretação diagnóstica. Para isso precisamos
colher dados em relação a todas as questões que compõem a qualidade de vida de
uma população, tais como: trabalho/renda/gasto, saúde, educação, habitação,
esgoto, lixo, cultura, organização participação, níveis de consciência,
segurança pública, potencialidades, expectativas, qualificação profissional,
lideranças, lazer, transporte, comunicação.
Os dados
obtidos deverão ser interpretados e coordenados. Dessa forma, a partir das
categorias teóricas encontram-se os laços existentes entre os fenômenos
descobrindo-se a essência dos mesmos, percebendo assim seus condicionamentos.
Ainda nesse
momento teremos condições de estabelecer prioridades e formular alternativas de
ação.
O conhecimento
é processual e a partir das intervenções realizadas, estes poderão ser
reformulados, ou negados e serão transformados em novas sínteses.
Para tal
precisamos de conhecimento da realidade – para conhecer nos inserimos e
utilizamos estratégias e táticas, abordagens (individuais, grupais e
comunitárias), instrumentos, atividades e ações profissionais.
O que é conhecer a realidade? e para que
conhecemos?
Compreender a realidade é captar seus movimentos
contraditórios expressos nas desigualdades sociais políticas, econômicas,
políticas e culturais.
É captar detalhes das formas como se expressa a
exclusão social no cotidiano da população.
É apreender a pobreza material e a política,
buscando as conexões essenciais. Isto quer dizer que teremos de estabelecer a
relação entre os fenômenos e suas essências, a partir do real vivido pela
população.
Apreender a
realidade é percebê-la detalhadamente e para isso é preciso territorializar e
qualificar a exclusão social.
FORMAS DE INSERÇÃO NA
REALIDADE PARA CONHECIMENTO:
Como o
assistente deve se inserir na realidade para não somente conhecê-la, mas para
realizar a intervenção propriamente dita.
1 -
Institucional:
Conhecimento
conforme análise institucional e análise de conjuntura.
· A
partir do conhecimento (mapeamento/qualificação da exclusão) apreende os
objetos de intervenção, bem como às categorias teóricas , buscando-se as
chamadas teorias setoriais que servirão de subsídios científicos. Estes objetos
de intervenção sempre estarão circunscritos nas respostas à pergunta que
exclusão é esta? Como a qualifico?;
· Insere-se em programas
e projetos existentes ou os elabora,
· Parte
das demandas institucionais postas e infere às profissionais;
· Elabora
o perfil de usuário. Este perfil deverá conter todas as questões que
determinam o padrão básico de inclusão social. O padrão básico de inclusão é
composto pelas necessidades humanas básicas – abrange respostas às questões
materiais e políticas;
· sistematiza
os conhecimentos, elabora indicadores de
avaliação- tendo como horizonte a inclusão e a melhoria da qualidade de vida;
· Elabora projeto de intervenção;
· Elabora instrumentos de registro.
2 -
Comunitário:
·
Busca conhecer as questões gerais da comunidade, que dizem respeito à
qualidade de vida: saneamento básico, água, iluminação pública, trabalho e
renda, aspectos culturais, educacionais, lazer, existência de grupos formais e
informais, comunicação, transporte, organização, participação, níveis de
consciência.
· capta a
existência de movimentos organizativos, identifica as lideranças formais e
potenciais;
· perfil detalhado da população, ou seja, quem são as famílias? composição
familiar, faixas etárias, tipos de famílias – nuclear ou estendida,
monoparental, bem como as situações de educação, de trabalho, de saúde, e
demais questões que compõem um padrão básico de vida. Pode-se utilizar como
instrumento a pesquisa inclusive a pesquisa participante;
·
identifica-se os objetos de intervenção. Estabelece prioridades. Caso utilize a
pesquisa participante elabora-se o planejamento participativo;
·
desenvolve-se a intervenção, avalia, sistematiza e democratiza os resultados.
No trabalho em comunidades poderemos desenvolver o
seguinte esquema metodológico:
1º momento
–conhecimento da realidade – determinação das problemáticas – inventário das
situações – registro - apresentação aos grupos.
2º
momento – Problematização – discussão com a comunidade, estabelecimento de
prioridades – compatibilização entre o desejável e o possível.
3º
momento – organização para a ação -
dividir trabalho por eixos, - nuclear os grupos em função do trabalho, aglutinando interesse.
Determinação de objetivos, programação de atividades, distribuição de tarefas e
execução dos projetos.
Neste momento é muito importante não esquecer a
identificação de lideranças, grupos informais, quais os tipos de formas
organizativas existentes. Deve-se sempre aproveitar os grupos existentes.
4º
momento – Acompanhamento e avaliação; reajuste dos objetivos; avaliação do
impacto na realidade.
2.1 -
Abordagem grupal.
Os grupos podem ser formais e informais, bem como motivados e
espontâneos; passam por fases que deverão ser identificadas e abordadas
de maneira competente.
Fase
pré-grupo – é a fase inicial do grupo, caracteriza-se pelo predomínio de
interesses e objetivos individuais que podem ser:
·
desejo de ser como pessoa;
·
obter prestígio;
·
afirmar-se;
·
buscar reconhecimento;
· por
conta disto acontece choque de valores e choques de expectativas.
Compete ao assistente social:
·
compreender que o desenvolvimento global do grupo recebe influência positiva ou
negativa da estrutura emocional do grupo;
·
criar relações pessoais de ajuda através de uma conduta que estabeleça uma
atmosfera permissiva, onde as interações entre os participantes sejam
estimuladas;
·
considerar que devido a situação inestruturada do grupo, qualquer situação que
mereça mudança de idéia , comportamento ou necessidades desencadeia
inquietudes;
·
realizar atividades e dinâmicas para fortalecer a interação que possibilite a manifestação dos sentimentos;
·
aplicar técnicas de estímulo ao diálogo, uma vez que o silêncio é muito comum
nessa fase;
·
observar as normas com as quais o grupo vai se organizando;
· o assistente
social nessa fase realiza algumas tarefas do grupo;
· o
apoio na área emocional, os indivíduos precisam de estímulo.
Papel do
assistente social:
·
informante – não deve se negar a ajudar a descobrir;
·
facilitador da dinâmica.
Fase de transição
Nesta fase, as pessoas buscam objetivos comuns, que
ultrapassem os interesses individuais; ocorrem os conflitos de papéis e
liderança, competição. Alguns indivíduos buscando seus papéis perturbam a
estrutura existente.
O
assistente social deve:
·
facilitar a comunicação;
·
utilizar atividades para facilitar a reflexão e o diálogo;
·
levar as pessoas a se compreenderem;
·
avaliar o andamento do grupo;
· conhecer as relações afetivas ou não dentro do grupo –
distância e proximidade das relações de grupo;
· focalizar
a atenção na pessoa no papel e no grupo;
·
tentar elaborar um plano de ação.
Grupo
· sentimento de nós – objetivo coletivo – tornando-se
coeso e capaz, os objetivos individuais ficam subordinados aos do grupo;
·
aceitam-se mutuamente;
·
interagem;
· há
um consenso de 3 expectativas e um compromisso com os objetivos;
·
redefinição de papéis de acordo com as potencialidades;
·
estrutura organizada de comunicação- poder – posições, etc. Nome – rotinas.
O
assistente social deve:
·
capacitar e integrar;
·
trabalhar os problemas do grupo;
· possibilitar ao grupo adquirir novas capacidades, redimensionar sua cultura, enfrentar novas
situações.
2º - MOMENTO METODOLÓGICO-
ESTABELECIMENTO DE ESTRATÉGIAS E TÁTICAS – DIMENSÃO ESTRATÉGICA
Considerando que a nossa intervenção profissional possui
uma direção estratégica contrária ao projeto burguês vigente, as nossas
estratégias profissionais são sempre estabelecidas a partir de uma profícua
análise da correlação de forças, das relações de poder, entre outros para
podermos definir processos que contribuam para a desestruturação do que é
imposto pelos que dominam ao cotidiano da população subalternizada e que também
possibilitem seu fortalecimento (empoderamento). Segundo Faleiros “As estratégias são processos
de articulação e mediação de poderes e mudança de relações de interesses,
referências e patrimônios em jogo, seja pelo rearranjo de recursos, de
vantagens e patrimônios pessoais, seja pela efetivação de direitos, de novas
relações ou pelo uso de informações. [...] implicam investimentos em projetos
individuais e coletivos que tragam a rearticulação de patrimônios, referências
e interesses com vistas à reprodução e à representação dos sujeitos históricos.
Reproduzir-se é atender às necessidades de sobrevivência nas relações sociais
dada historicamente e representar-se significa o processo de reconstrução da
identidade.”
A
partir da compreensão da realidade, pode-se construir um quadro estratégico de ação em que deverá ser
composto da explicitação das problemáticas, mediante os eixos ou projetos;
objetivos gerais e específicas, atividades, instrumentos, ações profissionais e
indicadores de avaliação. Considerando que a intervenção profissional possui
uma direção estratégica contrária ao projeto burguês vigente, as estratégias
profissionais são sempre estabelecidas a partir de uma profícua análise da
correlação de forças, das relações de poder, entre outros, para podermos
definir processos que contribuam para a desestruturação do que é imposto pelos
que dominam ao cotidiano da população subalternizada e que também possibilitem
seu fortalecimento (empoderamento).
3º
MOMENTO – MOMENTO AVALIATIVO – DIMENSÃO AVALIATIVA
Para
avaliar a prática profissional é preciso construir indicadores de avaliação
– parâmetros qualitativos e
quantitativos, que servem para detalhar em que medida os objetivos de um
projeto foram alcançados. Na avaliação procura-se identificar avanços ou não em
relação aos seguintes efeitos:
· econômico – aumento da renda, da melhoria da condição da
reprodução biológica;
· político – avanço no tocante a organização, participação,
mobilização, capacidade de luta na busca dos seus direitos sociais e cidadania;
· ideológico – avanço na consciência na direção da criticidade. Significa
alteração do conhecimento em relação ao desconhecimento e reconhecimento do
mundo a partir dos nexos e conexões estabelecidos entre fatos, a história
pessoal e a história do grupo, da classe , do povo.. Estes nexos são justamente
personalizados nas relações paternalistas, e só o desvendamento, corta e rompe
com esses laços.
Estes
efeitos consistem justamente na alteração de um vínculo determinado de uma
ordem, de uma relação estabelecida. A capacidade de alterar uma correlação de
forças supõe poder, potencial de recursos e estratégias para articular forças e
alianças, debilitar e dividir o inimigo. A acumulação de forças é um processo
de avanços, recuos, de mobilização, organização, atacando e defendendo. É
necessário analisar a situação concreta, inventariar os aspectos frágeis do
inimigo e os aspectos mais fortes das próprias forças. Isto é competência
política.
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