PASTORINE, Alejandra. Quem mexe os fios
das políticas sociais?
Avanços e limites da categoria “concessão- conquistas”.
IN: Revista Serviço Social & Sociedade (53).
São Paulo: Cortez, 1997. Pág. 80 a 101.
Avanços e limites da categoria “concessão- conquistas”.
IN: Revista Serviço Social & Sociedade (53).
São Paulo: Cortez, 1997. Pág. 80 a 101.
Alejandra Pastorine doutora em Serviço Social pela
UFRJ, também publicou outras produções, como: Enfrentamento
da pobreza e assistencialização da proteção social no Brasil, livro: A
categoria “questão social” em debate e Estado e cidadania – Reflexões sobre as
políticas públicas no Brasil contemporâneo – 2012. Ao todo a autora possui nove
produções bibliográficas
O artigo trata sobre as políticas sociais segundo duas
perspectivas, a perspectiva tradicional e a marxista e dentro dessas, com base
em autores que seguem a primeira ou a segunda, o artigo leva a uma importante
reflexão para o Serviço Social e para estudiosos que buscam a compreensão da
realidade. A questão levantada no artigo leva o leitor a algumas indagações que
em sua conclusão são esclarecidas, uma delas é: as políticas sociais são
concessões ou conquistas?
A perspectiva tradicional segundo Pastorine, diz que
as políticas sociais são entendidas como um conjunto sistemático de ações do
Estado que têm uma finalidade redistributiva. Com isso o tradicionalismo compreende
e quer fazer compreender que a efetivação das políticas sociais sob essa ótica
irá diminuir as desigualdades sociais existentes entre os indivíduos, derivadas
das distintas formas de participação social, desigualdade esta que gera uma sociedade
heterogênea com situação de pobreza, violência, entre outras expressões da
questão social.
Para tanto, os autores dessa perspectiva tradicional
(Marshall, Graciarena e Franco) presentes no artigo, entendem as políticas
sociais como “concessões” por parte do Estado e as define como mecanismos de
redistribuição, com a finalidade de “melhorar o bem estar da população”. Logo se entende que para estes uma melhor
redistribuição de renda ou uma distribuição menos desigual, irá solucionar o
problema da desigualdade, não passa pelos seus estudos uma compreensão de
totalidade da realidade que os levem além dos mecanismos redistributivos.
Em oposição à concepção anterior, a perspectiva
marxista, conforme expõe Pastorine, coloca a necessidade de pensar as políticas
sociais como “concessões e conquistas”. As políticas sociais não podem ser
pensadas como meras concessões por parte do Estado, mas sim devem ser
compreendidas como produtos de relações conflitantes entre diferentes autores
sociais: as classes hegemônicas, o Estado e a classe trabalhadora. Isso quer
dizer que não se pode analisar desconhecendo as lutas e conflitos anteriores que
favoreceram esse ato de “conceder” do Estado.
Os autores dessa perspectiva (Iamamoto e Netto)
compreendem que as políticas sociais cumprem outras funções além da
redistributiva, funções políticas e econômicas. Os processos políticos segundo
a perspectiva marxista, levantados por Pastorine visam o consenso social, a
aceitação da ordem, a desmobilização da população e a redução de conflitos. Os
processos econômicos visam à reprodução da força de trabalho, favorecendo e
valorizando a acumulação do capital. Isso é o que se pode classificar como os
dois tipos de domínio existentes em sociedade, o domínio material e imaterial.
Para esta perspectiva crítica o objetivo das políticas
sociais é, portanto assegurar as condições necessárias para o desenvolvimento
do capitalismo e não a correção dos efeitos nocivos que esses processos causam
a sociedade.
Quanto à categoria concessão e conquista segundo a
autora, a relação entre ambos não pode ser pensada de forma unilinear, onde o
povo “conquista” os benefícios e o Estado e as classes hegemônicas “concedem”,
mas deve ser pensado como uma relação onde todos conquistam e concedem ao mesmo
tempo, pois embora a classe trabalhadora conquiste os serviços oferecidos pelo
Estado, ao passo que foram conquistados os direitos trabalhistas, a
regulamentação da jornada de trabalho, o Estado por sua vez conquistou a
legitimação das classes dominantes. É possível observar que o Estado “concede”
serviços a população carente e esta também “concede” aos mesmos os seus
interesses.
Contudo, a autora conclui que esta relação trata-se de
um processo conflitivo atravessado pelas lutas de classes, onde os grupos
inseridos têm ganhos e perdas, ao mesmo tempo em que concedem também
conquistam.
Ótimo!!
ResponderExcluir:)
Excluir