segunda-feira, 1 de julho de 2013

A permanência da pobreza e das desigualdades

"Em todas as grandes cidades [...] podemos ver uma multidão de pessoas [...] que sobrevivem graças a pequenos ganhos ocasionais. É espantoso ver as ocupações a que esta população supérflua recorre. [...] A grande maioria dos desempregados torna-se vendedores ambulantes. [...] Fitas, rendas, galões, frutas, bolos, em resumo, todos os artigos imagináveis são oferecidos por homens, mulheres e crianças [...] Fósforos e outras coisas desse gênero [...] constituem também artigos de venda. Outros ainda circulam pelas ruas tentando encontra alguns trabalhos ocasionais.
Que resta a essas pessoas, quando não encontram trabalho e não querem se revoltar contra a sociedade, se não mendigar? Não nos espantamos ao ver esta multidão de mendigos, com quem a policia sempre tem contas a ajustar e que, na sua maior parte, são homens em condições de trabalhar. [...] Às vezes erram, em companhia da família, cantando lamurias na rua ou apelando para a caridade dos transeuntes com algum pequeno discurso. [...] Ou então toda família se instala silenciosamente, na calçada de uma rua animada, e deixa, sem dizer nada, que o seu aspecto indigente por si só produzirá efeitos."


Engana-se quem pensar que estou reproduzindo um trecho de um jornal da semana passada: o texto acima foi escrito há exatos 161 anos, por um jovem de 25 anos que então analisava a sociedade inglesa e depois ficaria famoso - essas linhas são extraídas  de A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, o primeiro livro de Friedrich Engels. Nada mais alheio a minha argumentação do que pretender insinuar que o mundo não mudou desde 1845.

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