Ao ligarmos a televisão, é muito comum percebermos que as expressões
“direita” e “esquerda” são comumente utilizadas para se referir a
determinadas personagens e grupos políticos. De fato, poucos sabem por
qual razão esses dois termos de orientação tem a função de descrever a
perspectiva vigente de algum partido ou político. Para que esse
questionamento seja resolvido, devemos nos deslocar até os eventos que
marcaram o processo revolucionário francês, nos fins do século XVIII.
Naquela época, a chamada Assembleia Nacional Constituinte ganhou força
política mediante as urgentes reformas que o país necessitava. Em geral,
o governo francês estava atolado em dívidas que atingiam a sustentação
econômica de amplos setores da sociedade. Com isso, não suportando a
pressão daqueles tempos difíceis, o rei Luis XVI organizou uma eleição
em que representantes políticos votariam novas medidas que pudessem
sanar tantos problemas.
Durante essas reuniões, observamos que as tendências políticas da
Assembleia Nacional se viam espacialmente distribuídas. Na ala direita
do plenário, os integrantes do funcionalismo real, os nobres
proprietários de terra, os burgueses enriquecidos e alguns clérigos
recusavam qualquer tipo de reforma que atingisse seus antigos
privilégios. Na ala esquerda do mesmo local, os membros da pequena e
média burguesia e demais simpatizantes buscavam uma grande reforma que
aplacasse a grave crise nacional.
Com o passar do tempo, a própria disseminação dos atos que marcaram o
processo revolucionário francês determinaram a adoção dos termos
“direita” e “esquerda”, segundo a divisão feita na Assembleia Nacional.
Em suma, os políticos “de direita” representariam o interesse de grupos
dominantes e a conservação dos interesses das elites. Por outro lado, os
políticos “de esquerda” teriam uma orientação reformista baseada na
conquista de benefícios às classes sociais menos privilegiadas.
Sob outra perspectiva, a utilização dos termos “direita” e “esquerda”
também pode variar em função das transformações sofridas em determinado
contexto político. Os partidários que se colocam contra as ações do
regime vigente seriam entendidos como “de esquerda” e os defensores do
governo em vigência ocupariam a ala “de direita”. Dessa forma, a
determinação dos grupos políticos varia segundo os partidos ou
orientação ideológica que controlam o poder central.
Atualmente, a utilização dos termos “direita” e “esquerda” nem sempre
consegue definir a natureza mais ampla de um contexto político. Em
muitas situações, vemos que antigos adversários políticos colocam suas
ideologias de lado para alcançarem um objetivo em comum. Como exemplo,
podemos indicar na história do Brasil que a chegada do Partido dos
Trabalhadores, rotulado como “de esquerda”, ao governo esteve marcada
por diálogos e conchavos com antigos adversários políticos “de direita”.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Nenhum comentário:
Postar um comentário