Enfim aqui está a parte III da a série sobre os estudos dos principais Movimentos Sociais. Hoje trataremos sobre o Movimento Feminista.
Lembrando que o texto é uma adaptação do tópico do livro verde da biblioteca básica do serviço social: http://servicosocialecotidiano.blogspot.com.br/2015/04/livros.html
Ponho em destaque a palavra adaptação, pois não transcrevo exatamente o texto do livro, faço considerações minhas no corpo do texto também.
O texto original desse livro está nas páginas 284, 285, 286 e 287.
Para quem não leu as duas primeiras partes da série Movimentos Sociais, dá uma conferida aqui:
1º parte: http://servicosocialecotidiano.blogspot.com.br/2015/07/movimentos-social-conceito.html
2º parte: http://servicosocialecotidiano.blogspot.com.br/2015/08/movimentos-sociais-parte-ii_33.html
Boa leitura e boas reflexões!
Movimento feminista
O movimento
feminista, desde as suas primeiras expressões como sujeito político, empreendeu
lutas de enfrentamento aos elementos estruturantes do sistema patriarcal-capitalista,
como a propriedade privada, o Estado, com o seu papel normativo e ideológico, a
família e a igreja na elaboração e reprodução de seus valores, preconceitos e
comportamentos baseados na diferença biológica entre os sexos. Importa ressaltar que nem todo movimento de
mulheres é feminista, essa é uma distinção importante de se entender; O
movimento feminista é caracterizado pela luta contra todas as formas de
opressão, subalternidade e discriminação sobre as mulheres, buscando, para
tanto, liberdade, igualdade e autonomia para elas. O movimento de mulheres diz
respeito às reivindicações de acesso a bens de consumo coletivo e melhores
condições de vida. Contudo, as lutas e demandas de ambos os movimentos se
confundem em diversos momentos da história.
Na América
Latina, as lutas feministas datam do final do século XIX, sendo inicialmente
marcadas pelo direito ao voto. No entanto, a historiografia do feminismo
destaca a década de 70 como um marco do movimento feminista na América Latina.
As mulheres
envolvidas na organização do movimento feminista eram, em sua maioria, militantes
ou ex-militantes de organizações de esquerda. Foi no exílio que as mulheres latino-americanas
tomaram contato com o feminismo internacional e iniciaram sua organização
política como feministas. O papel dp feminismo na luta pela libertação da
classe trabalhadora e a relação entre as formas de se organizar as mulheres, a
autonomia e a relação entre a luta feminista e a luta partidária foram temas recorrentes
e centrais no feminismo latino americano. No geral, buscava-se legitimar a luta
feminista, vista inicialmente por parte da esquerda como um desvio de luta central,
a luta de classes.
No Brasil, nas
duas primeiras décadas do século XX, mulheres trabalhadoras participaram de
movimentos operários e de suas greves por melhores condições de trabalho e
diminuição da jornada. Datam dessa época a criação do Partido Republicano
Feminista, criado com o objetivo de mobilizar as mulheres na luta pelo
sufrágio, e a Associação feminista, de cunho anarquista, que teve forte
influência nas greves operárias de 1918, em São Paulo.
A partir da
década de 1920, o movimento feminista lutou pela conquista do direito ao voto e
por uma legislação de amparo a mulher trabalhadora. Em 1940, as mulheres
participaram de lutas pela democratização e contra a carestia.
Na década de
60 as mulheres se fizeram presentes na luta em defesa das reformas de base,
participando de organizações esquerditas democráticas. A partir do final da
década de 70, acompanharam o resurgimento das lutas pela redemocratização,
nesse momento há um crescimento do movimento feminista no Brasil.
O movimento
feminista brasileiro, iniciado nas camadas médias se expandiu por meio da
articulação com as camadas populares e suas organizações de bairro.
E agora, destacamos,
talvez, a parte mais significativa desse texto, pois desnuda de fato o que é o
movimento feminista, dado alguns equívocos teóricos e práticos que é possível
identificar por aí. De maneira geral,
podemos identificar três tendências teóricas e ideopolíticas no interior do
movimento feminista nacional e latino-americano: um feminismo que possui uma perspectiva socialista, ao entender que
a emancipação da mulher demanda da construção de um outro projeto societário que
e contraponha ao capitalismo para o alcance da liberdade e da igualdade
substantivas; um feminismo que busca a igualdade e a liberdade para as mulheres
por meio de reivindicações de direitos
que consubstanciam a cidadania nos marcos do capitalismo; e um feminismo
filiado às premissas pós-modernas. Nesse campo o feminismo limita-se ao
culturalismo, atuando na subjetividade, no simbólico e nas “representações
sociais”.
Diante do que foi posto no parágrafo acima, podemos
observar que o feminismo atualmente assume uma postura que tende a corresponder
de modo geral as duas ultimas tendências colocadas anteriormente, ou seja, o movimento
feminista vem perdendo o seu viés de base de movimento social tradicional,
movimento que concilia a luta por suas demandas com a luta de classes, a luta
pela ultrapassagem dessa sociedade. Os movimentos contraditórios dessa
sociedade, bem como os seus mecanismos ideológicos e ou repressivos, aliados a
uma débil articulação entre movimentos sociais, partidos políticos de esquerda
e intelectuais orgânicos de esquerda, favorecem essa perda de identidade do
movimento feminista com o movimento de classes. Por isso, penso que o movimento
feminista de base, que visa ultrapassar esse sistema, tomado de uma consciência
de classe, de posse da teoria social de Marx, esse não se encontra mais em
combate.
Logo, para os amigos de direita, religiosos e
conservadores não se coloquem como Dom Quixote a travar uma luta contra “dragões”,
sendo estes apenas moinhos de vento.
Priscila Morais
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