Pessoal, conforme falei no penúltimo post, farei uma
pequena série tratando sobre movimentos sociais. A primeira parte para
relembrar está aqui (link). Daremos então continuidade agora com o Movimento
Sem Terra.
Lembrando que o texto abaixo foi extraído (em partes) do
livro 5 – Biblioteca Básica do Serviço Social, tópico que trata sobre o MST.
Outro lembrete, esse texto adota uma perspectiva
teoria crítica que é também a perspectiva adotada pelo Serviço Social em suas
bases legais, tais com Código de Ética, Lei de Regulamentação, demais
diretrizes curriculares do Serviço Social e pelo conjunto CRESS/CFESS. Não é um
posicionamento pessoal, e sim, o posicionamento da profissão que escolhi. Posicionamento
este, que enquanto assistente social tenho que estar a par do entendimento e
não ignorar e fazer serviço social da forma que eu quiser.
Feitos os lembretes, boa leitura!
Priscila
Iniciemos:
(MST) – Movimento Sem Terra
“O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) é o movimento social de maior expressão na realidade brasileira e um dos
de maior relevância na América Latina. Por meio de sua estrutura
organizativa, formas de organização e expressão de suas reivindicações e lutas,
contribuiu para publicizar e politizar o tema da questão agrária no Brasil,
país que ocupa o segundo lugar em concentração de terras, perdendo somente para
o Paraguai.”
O embrião do
movimento sem terra surgiu no Sul do país. Suas lutas foram impulsionadas
principalmente pela ação pastoral dos cristãos ligados à Teologia da Libertação,
por meio do protagonismo da Comissão Pastoral da Terra (CPT, vinculada a CNBB –
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), pelo apoio de partidos políticos da
esquerda, principalmente o PT e pelo novo sindicalismo em ascensão a CUT.
O MST está organizado em 23 estados
brasileiros. Grande parte dos trabalhadores assentados se organiza em torno de
cooperativas e associações coletivas, associadas às centrais estaduais ligadas
à Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab). Toda
essa organização corrobora para a efetivação dos princípios filosóficos e pedagógicos
aplicados nos acampamentos e assentamentos, os quais se voltam para a
cooperação, a educação de classe, formação da sociedade por meio de valores
humanistas e socialistas e para a transformação social.
Uma das
principais conquistas do MST, no campo político, tem sido a de recolocar o tema
da reforma agrária em pauta de discussão da sociedade e do Estado Brasileiro.
O projeto
político e hegemônico do MST não se limita à realização da reforma agrária nos
marcos do sistema capitalista, sendo seu horizonte de luta a construção de uma
sociedade igualitária e socialista. É inegável o potencial de confronto do
Movimento com o capitalismo, por apresentar propostas de desenvolvimento e
práticas de atuação e organização questionadoras do modelo vigente.
Segundo
Stedile e Fernandes (1999) o MST adquiriu e vem adquirindo três características
específicas: é um movimento popular, tem um componente sindical e possui um
caráter político. O caráter “popular” expressa-se por meio da possibilidade de
participação de todos os trabalhadores nas lutas, independente de sua atuação
ou condição como camponês. Ao associar o componente sindical ao caráter político
do movimento, salienta que a luta pela terra não se restringe ao caráter corporativo
sindical, mas envolve uma luta que aglutina interesses particulares,
corporativos, com os interesses de classe. Ou seja, há o entendimento de que a
luta pela Reforma Agrária, embora possua uma base camponesa, é parte da luta de
classes. Em outras palavras, o MST vem convertendo a luta dos trabalhadores do
campo numa mediação da luta de classes.
É nessa direção que o Movimento também
incorporou os trabalhadores excluídos da cidade e do meio rural. É um exemplo
dessa relação a relação com outros movimentos sociais urbanos, como o Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores
Desempregados.
As
articulações do MST com as demandas e lutas urbanas vêm criando possibilidades de
uma compreensão de luta de classes em sua totalidade, o que pode fortalecer a construção
de resistências e ações contra-hegemônicas ao capital.
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