Na
língua portuguesa, segundo Secchi, o termo “política” pode assumir duas
conotações principais, que as comunidades epistêminas de países de língua
inglesa conseguem diferenciar usando os termos politics e policy.
Politics
= política – É a atividade humana ligada a obtenção e manutenção dos recursos
necessários para o exercício do poder sobre o homem. Política nesse sentido
será compreendida como atividade e competição.
Policy
= política, seria compreendida como orientação para uma ação. Este segundo
sentido é considerado pelo autor o mais concreto no que se refere a política,
ao qual o termo “política pública está ligado.
Políticas
públicas - tratam do conteúdo concreto e do conteúdo simbólico de decisões
políticas, e do processo de construção e atuação dessas decisões.
Segundo
Secchi, uma política pública é uma diretriz elaborada para enfrentar um
problema público que o autor define como sendo (problema público: é a diferença
entre a situação atual e a situação ideal possível). Para ele ainda, uma
política pública possui dois elementos fundamentais: intencionalidade pública e
resposta a um problema público. A razão para o estabelecimento de uma política
pública é o tratamento ou resolução de um problema entendido como coletivamente
relevante.
Autores
e pesquisadores defendem duas abordagens no que se refere ao protagonismo no
estabelecimento de políticas públicas: abordagem estadistas ou estadocêntrica que
estabelece a política pública somente quando emanada do Estado. Uma razão
especifica para essa vinculação direta de política pública ao Estado, no caso
brasileiro, é a ligação da política com a tradição intervencionista do Estado
brasileiro na história do pensamento político nacional.
A
segunda abordagem é a multicêntrica
ou policêntrica, que por outro lado,
considera organizações provadas, organizações não governamentais, organismos
multilaterais, redes de políticas públicas juntamente com os atores estatais,
protagonistas no estabelecimento de políticas públicas. Autores de abordagem
multicêntrica atribuem o adjetivo “público” a uma política, quando o problema
que se tenta enfrentar é público no sentido de coletivo e não no sentido de
pertencer ao Estado.
Segundo
Secchi, em geral as políticas públicas são elaboradas dentro do aparato
institucional e legal do Estado, embora as iniciativas e decisões tenham
diversas origens.
Relacionadas
a essa visão do autor sobre a abordagem multicêntrica, estão as teorias de
governança pública, da coprodução do bem público e das redes de políticas
públicas, em que o Estado e a sociedade se articulam em esquemas espontâneos e
horizontais para a solução de problemas públicos.
A
abordagem estatista admite que atores não estatais influenciem no processo de
elaboração e implantação de poíticas públicas, mas não lhes confere o direito
de decidir e liderar um processo de política pública. Já acadêmicos da vertente
multicêntrica admitem tal competência a atores não estatais.
Do
ponto de vista normativo, Secchi, compartilha da convicção que o Estado deve
ter seu papel reforçado, especialmente para evitar problemas distributivos. No
entanto, do ponto de vista analítico, o autor acredita que o Estado não é o
único a protagonizar a elaboração de políticas públicas, porém destaca que não
há dúvida que o Estado moderno se destaca em relação a outros atores no
estabelecimento de políticas públicas. Para Secchi, a centralidade do Estado no
estabelecimento de políticas públicas é consequência de fatores como, por
exemplo, a elaboração de políticas públicas serem uma das razões centrais do
nascimento e legitimidade do Estado.
Para
o autor a essência conceitual de políticas públicas é o problema público.
Exatamente isso o que define se uma política é ou não pública e a sua intenção
de responder a um problema público, e não se o tomador de decisão tem
personalidade jurídica, estatal ou não estatal. O autor coloca que, são os
contornos da definição de um problema público que dão a política o adjetivo
público.
Priscila Morais
Referencia: SECCHI. Leonardo. Políticas públicas: conceitos, esquemas de analises e casos práticos. São Paulo: Congage Learning - 2º ed, 2013.
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