O debate sobre a relação entre teoria e
prática no Serviço Social é datado em seus primórdios e, via de regra,
se vincula a concepções e autorepresentações sobre a profissão. É comum
ouvirmos o aforismo: “na prática a teoria é outra”
A primeira concepção que podemos destacar é a que reivindica o caráter prático-interventivo como sendo prioritário e absoluto, desconsiderando aspectos teóricos. Trata-se de uma concepção pragmática da prática, que atribuí à teoria puro papel abstrato. Por outro lado, temos a orientação e concepção em que glorifica a teoria em relação à prática. Trata-se de atribuir aos defensores do saber o poder mágico de solucionar através de receitas pré-formuladas os desafios postos à profissão. Ambas as concepções estão unidas pela incapacidade de não realizarem a práxis social. A práxis social pode se realizar em três níveis: repetitiva, mimética e inventiva.
A práxis repetitiva recomeça os mesmos gestos, os mesmos atos em ciclos determinados. A práxis mimética segue modelos; pode suceder que, imitando, ela chegue a criar, mas sem saber como nem por que; mais frequentemente ela imita sem criar. Quanto à práxis inventiva e criadora, ela atinge seu nível mais elevado na atividade revolucionária (LEFEBVRE, 1966, p. 37).
Desta maneira, é preciso compreender que práxis é, antes de tudo, ato; relação dialética entre a natureza e o homem, as coisas e a consciência e esta relação tanto pode ser no sentido de manter a ordem (repetitiva ou mimética) ou uma tentativa de ruptura (mimética sem consciência e inovadora), o que estará como pano de fundo será a visão social de homem e de mundo com suas determinações no mundo do trabalho.
De um lado temos a teoria como um conjunto de conhecimentos organizados e sistematizados que propõem a explicação da realidade social que se apresenta à atividade prática. Do outro, temos a prática como intervenção e ação nesta própria realidade. Formam uma unidade que potencializa o papel transformador e propositivo da prática e possibilita a compreensão da realidade em sua concretude, abrindo um leque de possibilidades diante de um dado contexto histórico e social.
Uma práxis profissional pode flutuar entre os três níveis considerados por Lefebvre, não são estanques na realidade objetiva. O seu desenvolvimento é realimentado constantemente no processo de trabalho profissional. São fatos, acontecimentos, informações, interesses, pensamentos, conflitos e saberes que se mesclam e se fundem em uma relação dialética, ou seja, em constante movimento contraditório. O trabalho profissional tem que ir além da repetição e mimetismo que configuram a vida cotidiana, é necessário criar e inventar, ou seja, rodar a roda da história. Nos dizeres de Iamamoto:
[...] ir além das rotinas institucionais e buscar apreender o movimento da realidade para detectar tendências e possibilidades nela presentes passiveis de serem impulsionadas pelo profissional. [...] as possibilidades estão dadas na realidade, mas não são automaticamente transformadas em alternativas profissionais. Cabe aos profissionais apropriarem-se dessas possibilidades e, como sujeitos, desenvolvê-las transformando-as em projetos e frentes de trabalho. (2000, p. 21)O primeiro momento desse processo trata-se, sobretudo, de conhecer, desvelar e desmistificar as mediações e contradições existentes na realidade vivenciada pelos usuários, os quais estão inseridos em uma realidade particular determinada por aspectos gerais da sociedade capitalista atual, que é completado com uma atuação que considere tais aspectos e se desenvolva consciente, crítica e criativa, realimentando o próprio ciclo da formação da particularidade em os indivíduos estão inseridos.
No entanto, existe um problema importante, que se configura como pressuposto fundamental na relação entre teoria e prática e que na maioria das vezes é confundido como esterilidade teórica, causando, via de regra, o praticismo, o pragmatismo, entre outros.
A primeira concepção que podemos destacar é a que reivindica o caráter prático-interventivo como sendo prioritário e absoluto, desconsiderando aspectos teóricos. Trata-se de uma concepção pragmática da prática, que atribuí à teoria puro papel abstrato. Por outro lado, temos a orientação e concepção em que glorifica a teoria em relação à prática. Trata-se de atribuir aos defensores do saber o poder mágico de solucionar através de receitas pré-formuladas os desafios postos à profissão. Ambas as concepções estão unidas pela incapacidade de não realizarem a práxis social. A práxis social pode se realizar em três níveis: repetitiva, mimética e inventiva.
A práxis repetitiva recomeça os mesmos gestos, os mesmos atos em ciclos determinados. A práxis mimética segue modelos; pode suceder que, imitando, ela chegue a criar, mas sem saber como nem por que; mais frequentemente ela imita sem criar. Quanto à práxis inventiva e criadora, ela atinge seu nível mais elevado na atividade revolucionária (LEFEBVRE, 1966, p. 37).
Desta maneira, é preciso compreender que práxis é, antes de tudo, ato; relação dialética entre a natureza e o homem, as coisas e a consciência e esta relação tanto pode ser no sentido de manter a ordem (repetitiva ou mimética) ou uma tentativa de ruptura (mimética sem consciência e inovadora), o que estará como pano de fundo será a visão social de homem e de mundo com suas determinações no mundo do trabalho.
De um lado temos a teoria como um conjunto de conhecimentos organizados e sistematizados que propõem a explicação da realidade social que se apresenta à atividade prática. Do outro, temos a prática como intervenção e ação nesta própria realidade. Formam uma unidade que potencializa o papel transformador e propositivo da prática e possibilita a compreensão da realidade em sua concretude, abrindo um leque de possibilidades diante de um dado contexto histórico e social.
Uma práxis profissional pode flutuar entre os três níveis considerados por Lefebvre, não são estanques na realidade objetiva. O seu desenvolvimento é realimentado constantemente no processo de trabalho profissional. São fatos, acontecimentos, informações, interesses, pensamentos, conflitos e saberes que se mesclam e se fundem em uma relação dialética, ou seja, em constante movimento contraditório. O trabalho profissional tem que ir além da repetição e mimetismo que configuram a vida cotidiana, é necessário criar e inventar, ou seja, rodar a roda da história. Nos dizeres de Iamamoto:
[...] ir além das rotinas institucionais e buscar apreender o movimento da realidade para detectar tendências e possibilidades nela presentes passiveis de serem impulsionadas pelo profissional. [...] as possibilidades estão dadas na realidade, mas não são automaticamente transformadas em alternativas profissionais. Cabe aos profissionais apropriarem-se dessas possibilidades e, como sujeitos, desenvolvê-las transformando-as em projetos e frentes de trabalho. (2000, p. 21)O primeiro momento desse processo trata-se, sobretudo, de conhecer, desvelar e desmistificar as mediações e contradições existentes na realidade vivenciada pelos usuários, os quais estão inseridos em uma realidade particular determinada por aspectos gerais da sociedade capitalista atual, que é completado com uma atuação que considere tais aspectos e se desenvolva consciente, crítica e criativa, realimentando o próprio ciclo da formação da particularidade em os indivíduos estão inseridos.
No entanto, existe um problema importante, que se configura como pressuposto fundamental na relação entre teoria e prática e que na maioria das vezes é confundido como esterilidade teórica, causando, via de regra, o praticismo, o pragmatismo, entre outros.
Referências:
IAMAMOTO, Marilda Villela. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2000.
LEFEBVRE, Henri. Sociologia de Marx. Rio de Janeiro: Forense, 1968.
SILVA, José Fernando Siqueira. Teoria e prática no trabalho profissional do Assistente Social: falsos e verdadeiros dilemas. Serviço Social & Realidade, v. 14, n. 02, Franca, Unesp, p. 133-154
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