O
Serviço social é hoje uma profissão de cunho contraditório, pois ao passo que
tem que atender as necessidades de seus empregadores, tem que prioritariamente
atender as necessidades humanas básicas dos indivíduos em situação de
vulnerabilidade, sendo esse seu principal objetivo, seguindo conforme o
comprometimento da profissão com um código de ética profissional e o projeto
ético político da mesma com a classe trabalhadora.
Sabe-se
que a profissão ficou estigmatizada como prática de caridade, ajuda ao próximo,
benevolência e depois assistencialismo. Isso se deu por conta do surgimento do serviço
social ligado a igreja católica e por isso fiel as tradições cristãs de boa
conduta e moral da sociedade (o serviço social passa a assumir uma identidade atribuída)
a principio atribuída à igreja, onde a caridade era exercida pelas freiras de
diversas ordens, anos depois essa mesma identidade passou a ser administrada
pelo Estado (periodo da ditadura militar).
No
periodo de grande repressão provocado pela ditadura, o país passou por grandes
transformações culturais, econômicas e sociais de modo que o Estado precisaria
manter a ordem social, acalmar os ânimos e conflito gestados por aquele
periodo. Eis que então surge o Serviço social, como proposta do Estado para
conter a população revoltosa, nessa época o serviço social assume um caráter não
mais caritativo, mas assistencialista, e na verdade o interesse do Estado ao
institucionalizar o serviço social como profissão foi manter a sociedade sobe
controle, sem manifestações que viessem a comprometer a ordem, dessa forma o
Estado por meio do serviço social distribuía migalhas a população e essa se
contentava com o pouco que recebiam e ainda acreditavam que era “bondade” do
governo, mas essa bondade escondia interesses de um sistema cruel e doente.
Apesar
da ditadura militar ter sido uma época de atraso em diversos aspectos para o
Brasil, o serviço social teve um bom crescimento e evolução enquanto profissão,
pois apesar de ser usado para atender aos interesses do estado ditatorial, não
há como negar que a profissão adquiriu grande visibilidade e com isso houveram
investimentos em cursos profissionalizantes em serviço social no campo da
graduação e posteriormente na pós-graduação. Nesse periodo pós-ditadura e após
algumas mudanças pela qual o país passou e junto com ele o serviço social, esse
passou a ter acesso a teoria social de Karl Marx baseada em sua dialética e
categorias teóricas que fizeram do serviço social uma profissão estritamente
critica e comprometida com os direitos dos indivíduos acima de qualquer
empregador como foi dito a cima. O serviço social passa a assumir uma identidade adquirira.
Então,
o serviço social enquanto profissão após a sua institucionalização não é
caridade, passou pelo assistencialismo, mas após ter tomado posse do pensamento
marxiano é uma profissão comprometida com o direito dos indivíduos em suas mais
diversas instancias. A caridade foi e é uma pratica isolada exercida por
qualquer individuo que deseje ajudar ao próximo, sendo esse ou não cristão, ou
seja, o que as freiras praticavam e praticam em dias atuais, não é “serviço
social” pode ser chamado de ajuda, prática social, filantropia... Enfim, mas
não de “serviço social”.
Priscila Morais
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