segunda-feira, 26 de março de 2012

O Serviço Social vinculado aos interesses da classe trabalhadora


O Serviço Social se constitui numa profissão inscrita na divisão social do trabalho, situado no processo de reprodução das relações sociais, mobilizado pela burguesia e inserido no aparato burocrático estatal, das empresas e demais entidades privadas. Intervém, ainda, na criação de condições favorecedoras da reprodução da força de trabalho, através da mediação dos serviços sociais, previstos e regulados pela política social do Estado. Através da compreensão desse movimento contraditório abre-se a possibilidade para a profissão colocar-se a serviço de um projeto de classe alternativo àquele para o qual é chamada a intervir, pois embora constituída para servir aos interesses do capital, ela não reproduz monoliticamente as necessidades que lhe são exclusivas, participando das respostas às necessidades legítimas de sobrevivência da classe trabalhadora.
(Iamamoto & Carvalho, 1998: 93).
Por ser uma profissão de caráter interventiva, o Serviço Social realiza sua atividade no cotidiano, na medida em que este se constitui em produto histórico e enquanto vivência pelos sujeitos, sendo também aprendido como manifestações da própria história, na qual os agentes a produzem e reproduzem, fazendo-se nesse processo social. Para se poder compreender o cotidiano torna-se necessário não apenas não se reduzir aos aspectos mais aparentes, triviais e rotineiros; como também compreender que se eles são parte da vida em sociedade, não a esgotam e sim se tornam a expressão de um modo de vida, historicamente circunscrito cuja reprodução de suas bases é onde são gestados os fundamentos de uma prática inovadora. A descoberta do cotidiano possibilita a transformação da realidade, pois ele é o “solo” da produção e reprodução das relações sociais.
Assim, segundo Iamamoto e Carvalho,
O Assistente Social, através da prática direta junto aos setores populares, dispõe de condições potencialmente privilegiadas de apreender a variedade das expressões da vida cotidiana, por meio de um contato estreito e permanente com a população (...) aliada a uma bagagem científica, que possibilite ao profissional superar o caráter pragmático e empirista (...) intervenção, poderá obter uma visão totalizadora da realidade desse cotidiano e da maneira como é vivenciada pelos agentes sociais. O profissional, em sua prática de campo, interfere, em graus diversos de intensidade, na vida das pessoas com quem trabalha (...) a importância do compromisso social do Assistente Social, orientado no sentido de solidarizar- se com o projeto de vida do trabalhador ou de usar esse acesso à sua vida particular para objetivos que lhe são estranhos (...) caráter pessoal da relação (...) característica do exercício profissional (...) (1998: 114-5).
As instituições necessitam da adesão e concordância de seus agentes a fim de conseguirem concretizar as metas e estratégias que propõem, mas o Assistente Social possui relativa autonomia no exercício de suas funções institucionais, sendo co-responsável pelo rumo imprimido às suas atividades, pelas formas de conduzi- las, pela concepção teórico-prática da profissão e do seu papel na sociedade, incorporada e expressa pela categoria profissional em suas atividades cotidianas. Estas características profissionais demonstram o tipo de respostas que oferece às demandas do empregador ou lançar-se no esforço de propor e efetivar uma direção alternativa àquela proposta pelos setores dominantes para a intervenção técnica. Iamamoto & Carvalho, 1998:120).
A possibilidade de tomar essa posição a favor da classe trabalhadora a despeito das requisições do setor empregador somente se tornou possível devido ao contexto sócio-histórico, na medida em que o contingente profissional se expande, passando a ser recrutado fundamentalmente nas “camadas médias” da sociedade, sofrendo com os embates de uma política econômica amplamente desfavorável aos setores populares. A prática do Assistente Social passa a ser analisada a partir das implicações políticas do papel desse intelectual vinculado a um projeto de classe; rompendo com o papel tradicionalmente assumido e aderindo a um novo projeto de sociedade; buscando fundamentos científicos mais sólidos, ultrapassando a mera atividade técnica e questionando a orientação teórico-metodológica antes assumida. (Idem:121).
FONTE: http://www.nucleo.ufal.br

quinta-feira, 22 de março de 2012

O que é, e qual a missão do CRAS?


CRAS – Centro de referência de assistência social
É uma unidade pública estatal descentralizada da política de Assistência Social, responsável pela organização e oferta de serviços de proteção social básica do SUAS – Sistema Único de Assistência Social em todas as áreas de vulnerabilidade e risco social de um município. Caracteriza-se como a principal porta de entrada dos SUAS, ou seja, é uma unidade que propicia o acesso de um grande número de famílias à rede de proteção social básica de Assistência Social.
O atendimento às famílias residentes em zonas rurais, comunidades indígenas deverá ser realizado através de deslocamento dos profissionais do CRAS.
Os serviços prestados no CRAS são: Acolhida às famílias em situação de vulnerabilidade social, oferta de procedimentos profissionais visando à garantia dos Direitos humanos e sociais relacionada à Proteção Social Básica, conhecimento das famílias e aplicação de políticas publicas visando a dignidade a família nos diferentes ciclos de vida, acompanhamento dos beneficiários do BPC - Beneficio de Prestação Continuada e PBF, acompanhamento familiar: Grupos de convivência, reflexão e serviços socioeducativo, proteção Pró - ativa por meio de visitas domiciliares, encaminhamento para avaliação e inserção em outras políticas sociais, produção e divulgação dos serviços, programas e projetos do SUAS, nos órgãos de defesa de direitos e demais serviços públicos de âmbito local, municipal, regional ou federal e suporte técnico às famílias beneficiárias do Programas Bolsa Família (PBF), do Beneficio de Prestação Continuada (BPC) e do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI.
Interrelação entre CRAS e PAIF
O PAIF só é executado no CRAS
Todo CRAS executa, obrigatoriamente, o PAIF
Assim, o PAIF e o CRAS não são sinônimos.
São, respectivamente, um serviço e uma unidade intrinsecamente inter-relacionados.
O que é PAIF – Programa de Atenção Integral à Família?
O PAIF é um programa estratégico do SUAS – Sistema Único de Assistência Social, por integrar os serviços socioassistenciais, programas de transferência de renda como o PBF - Programa Bolsa Família, BPC - Benefício de Prestação Continuada, PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e benefícios assistenciais, potencializando, assim, o impacto das ações de assistência social para as famílias.
São destinatários do PAIF as famílias em situação de vulnerabilidade econômica e em risco social, em especial as beneficiárias de programas de transferência de renda ou famílias com membros que recebem benefícios assistenciais, pois a situação de pobreza ou extrema pobreza agrava a situação de vulnerabilidade social das famílias.
O Acesso às Ações do PAIF ocorre por meio de: demanda das famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social, busca pró-ativa de famílias, realizada pela equipe de referência do CRAS e encaminhamento realizado pela: rede socioassistencial, serviços setoriais e órgãos públicos, pelos conselhos de políticas e/ou defesa de direitos.
O referenciamento dos serviços sociassistenciais da proteção básica ao CRAS possibilita a organização e hierarquização da rede socioassistencial no território, cumprindo a diretriz de descentralização da política de Assistência Social.
A articulação dos serviços sócioassistenciais do território com o PAIF garante o desenvolvimento do trabalho social com as famílias dos usuários desses serviços, permitindo identificar suas demandas e potencialidades dentro da perspectiva familiar, rompendo com o atendimento segmentado e descontextualizado das situações de vulnerabilidades social vivenciadas.

domingo, 18 de março de 2012

O SERVIÇO SOCIAL NA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR

A função universal do Serviço Social é a intervenção naquelas dificuldades sociais que impedem a sobrevivência dos indivíduos e nas que limitam sua capacidade de desenvolvimento bio-psico-social, sobre a base de elementos operacionais diferenciados: indivíduos, grupos ou comunidades.No ambiente hospitalar, essa intervenção é de vital importância, porque a situação básica que afeta os indivíduos que são atendidos é a recuperação da saúde.
O trabalho diário do assistente social pode ser desenvolvido em âmbitos muito diferentes, como por exemplo em um hospital. Como se pode imaginar, na instituição hospitalar confluem numerosas profissões diferentes. Algumas têm contato direto com o doente, como médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, zeladores, etc. Outros, por sua vez, concentram-se na pesquisa, na gestão e na administração. Todos eles são necessários e fazem parte de uma grande máquina que trabalha com um objetivo comum: oferecer uma assistência sanitária de qualidade ao doente, bem como um atendimento e um tratamento adequados a este e seus familiares. É neste contexto no que se desenvolve o papel cotidiano.
O Serviço Social é um dos recursos com os quais contam os hospitais cujo âmbito de ação é o social. Quem não conhece o trabalho dos profissionais desta área se questionam com freqüência em que consiste e, se às vezes não resulta mais fácil explicar a própria atividade, ainda resultando mais difícil nestecaso, dado que se trata de um âmbito amplo e de uma tarefa pouco conhecida. Talvez por isso os assistentes sociais em numerosas ocasiões devem explicar em que consiste seu afazer.
Em geral, os indivíduos se dirigem ao hospital porque têm problemas de saúde. Algumas pessoas vão a consultas, mas outras são internadas. O papel do assistente social recai, principalmente, sobre estas últimas. Resulta fácil imaginar o que pressupõe uma situação assim. No mínimo, constitui uma mudança na vida diária do paciente e, obviamente, se o problema de saúde é grave, então há dor, preocupações, desejos, oportunidades, medos, esperanças, etc. Quando não se goza de boa saúde muda-se, põe-se às ordens de outros, o processo curativo está em mãos de outros. Alguns doentes convivem relativamente bem com este processo, mas outros não. No entanto, inclusive quando a cura não é possível, deve-se cuidar do paciente do melhor modo possível. Para isso, o material e as equipes dos hospitais devem funcionar perfeitamente, sempre escutando e tendo em conta ao paciente.
A sociedade conta com um sistema de bem-estar cujo objetivo é satisfazer as necessidades educacionais, sanitárias e de serviços sociais dos cidadãos, sendo que o Serviço Social hospitalar faz parte de tal sistema. Conquanto o âmbito de ação seja o sanitário, para executar seu trabalho, deve-se contar com serviços sociais e vice-versa. No trabalho, encontra-se com diferentes circunstâncias que surgem a partir de problemas sanitários, mas não se deve esquecer que as internações hospitalares são temporárias, ainda que em ocasiões suas conseqüências sejam definitivas.
É preciso ter em conta que a OMS, em sua definição de saúde, indica que é necessário entender o termo em seu sentido mais amplo, incluindo a saúde física, mental e social.
Normalmente, a atuação do assistente social na instituição hospitalar depende da iniciativa de um profissional que esteja diretamente ligado ao atendimento ao paciente. Cabe destacar que em algumas ocasiões são os próprios pacientes ou seus familiares os que buscam o serviço do assistente social. Depois de receber tal notificação, o profissional se reúne com o médico ou o enfermeiro correspondente e se solicita informação sobre quem é o paciente, qual é seu diagnóstico e seu prognóstico e quanto tempo deverá permanecer internado no hospital. Esses dados resultam imprescindíveis e marcarão o tempo que o assistente social possui para trabalhar com um paciente determinado, já que seu labor finaliza quando recebe a alta médica.
Como se pode observar, o trabalho social hospitalar está muito vinculado à alta médica, já que esta marca o prazo em que se deve esgotar todos os trâmites e recursos possíveis. Nos hospitais, com freqüência surgem "circunstâncias sociais adversas" que, em opinião de médicos e enfermeiras, justificam a intervenção do assistente social. Em cada caso, realizam-se uma valoração e um diagnóstico sociais baseados na análise das carências e as necessidades existentes, para depois passar à definição das ações que devem ser realizadas. Normalmente, depois deste processo se sabe que precisa um paciente determinado, que precisa sua família e daí se pode fazer a respeito.
As circunstâncias que podem ser encontradas nos hospitais são muito variadas. As vezes surgem situações novas como conseqüência de uma doença determinada. Nesses casos, a proposta é saber que fazer face ao futuro, como enfrentar a essa nova situação, com que meios e com que mediadores. Na maior parte das vezes é preciso modificar o modelo de funcionamento anterior para adaptar-se às novas circunstâncias. Em outras ocasiões, no entanto, as circunstâncias não são novas: até então resultaram úteis e se adaptaram à vida do paciente, mas a falta de saúde acentua as carências preexistentes e se exige uma reorganização das mesmas.
O trabalho dos assistentes sociais resulta imprescindível para levar adiante essa reorganização. Depois de realizar uma valoração e um diagnóstico social, remete-se o paciente a outros serviços e recursos. Atualmente, os recursos do sistema sanitário e dos serviços sociais podem dividir-se em três tipos:
· De âmbito sanitário: hospitais, centros de estadias intermediárias e centros sanitários de primeiro nível.
· Centros de âmbito sócio-sanitário.
· Recursos dos serviços sociais: serviço de assistência a domicílio, estadias temporárias e residenciais.
Portanto, o serviço social hospitalar tem muito a ver com a organização de tais recursos e resulta muito importante à hora de coordenar-se com o restante dos assistentes sociais. Assim mesmo, este profissional deve ser um referente para pacientes e familiares durante os atendimentos hospitalares, já que a doença pode modificar a perspectiva e a capacidade de enfrentar as dificuldades por parte do doente e seus familiares. Por essa razão, a tarefa consiste em contribuir um enfoque ativador e objetivo tanto aos profissionais sanitários como aos pacientes e a suas famílias, sem esquecer o papel do assistente social como vínculo entre o âmbito sanitário e o social.
Como indicado anteriormente, deve-se lembrar sempre que a situação das pessoas que enfrentam problemas de saúde não é habitual para elas nem para seus familiares. A notícia de que se sofre de uma doença costuma afetar a maioria das vezes aos indivíduos, que se encontram desprevenidos contra tal situação e costuma ter conseqüências em seu meio, em sua família, no trabalho, etc.
Na prática hospitalar, infere-se que em muitos casos os doentes perdem de alguma maneira sua função na sociedade porque tanto a sociedade como o sistema sanitário os situam em outro nível e lhes adjudicam outro status: o de enfermos. Parece, portanto, que ser pessoa e ser enfermo não são coisas que se encontrem ao mesmo nível.
Se o indivíduo é o eixo e o objetivo principal dos sistemas de bem-estar, quem trabalha neste âmbito deve aliar esforços para avançar tanto no setor sanitário como no social. Deve-se unir esforços para satisfazer as necessidades do indivíduo em seu conjunto e, ao mesmo tempo, fomentar a gestão eficaz que a sociedade está demandando.
Para isso, é necessário elaborar políticas baseadas no consenso e gerar espaços comuns entre as diferentes instituições, sistemas e âmbitos. Tudo isso resulta imprescindível para dar uma resposta adequada aos desafios enfrentados atualmente e para oferecer o melhor sistema possível a quem hoje necessite.

http://www.monografiaac.com.br/servicosocial/assistente-social-hospital.html

Leitura complementar sobre o tema em questão: http://www.fnepas.org.br/pdf/servico_social_saude/texto2-7.pdf

quinta-feira, 8 de março de 2012

A exclusão da mulher na esfera do trabalho

As conquistas alcançadas pelas mulheres revelam a importância de sua atuação no passado e confirmam sua postura firme, obrigatória e necessária na reconstrução de uma sociedade mais saudável e humana.
Um dos primeiros esforços das estudiosas feministas centrou-se na temática de estudo sobre a mulher, área que ainda sofria para impor sua legitimidade no campo universitário. Esses estudos eram tributários dos movimentos sociais dos anos 60 e 70 e resultantes da segunda onda do feminismo. Como expressão pública de uma luta manifestada em outros momentos, em razão da conjuntura internacional que favorecia as mudanças, o feminismo desenvolveu-se com força e organização que pareciam lhe garantir continuidade. Esse movimento, a partir da década de 80, toma novo direcionamento, enveredando para a formação de um novo conceito, o de gênero.

Várias feministas envolvidas com a militância se iniciaram nos trabalhos de reflexão e produção acadêmica. O conceito de gênero, surgido no contexto anglo-saxão, passou a ser utilizado com o sentido de caracterizar uma relação. Sem dúvida não tratava apenas de um novo rótulo, porém de opção por uma mudança de ordem epistemológica, ou seja, uma via teórica. A desvinculação da militância não se deu de imediato, e as mulheres permaneceram centradas no eixo da denúncia da opressão, que tinha um caráter mais descritivo do que analítico. Gradualmente, o recorte analítico ganha espaços, e as feministas realizam análises consistentes nos campos da sociologia, da história, da literatura e da educação.

Ao voltar-se para si próprio, as estudiosas do feminismo tentam construir um conceito de gênero desvinculado do sexo, que se referia à identidade biológica de uma pessoa. Gênero é construção social do sujeito masculino ou feminino. Nesse sentido, Joan Scott (1989), associando a categoria gênero aos limites das correntes teóricas do patriarcado, do marxismo e da psicanálise, tenta explicar a subordinação da mulher e a dominação dos homens. Aquela autora analisa o gênero como elemento constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças entre os sexos e como a primeira forma de manifestar poder a partir de quatro dimensões inter-relacionais: simbólica, organizacional, normativa e subjetiva.

A dimensão simbólica enfatiza as representações múltiplas e contraditórias, a exemplo de Maria evocando pureza e bondade, e Eva simbolizando o pecado, o mal.

A dimensão normativa evidencia interpretações do significado dos símbolos que tentam limitar e conter suas possibilidades metafóricas, ou seja, conceitos que são expressos nas doutrinas religiosas, educativas, científicas, políticas e jurídicas que trazem duplo sentido na definição do masculino e do feminino.

A dimensão organizacional diz respeito às organizações e instituições sociais como mecanismos que aprofundam as assimetrias entre os gêneros.

A dimensão subjetiva versa sobre as necessidades de examinar as maneiras como as identidades de gênero são construídas e relacionadas com atividades organizacionais, sociais e representações culturais historicamente situadas.

Joan Scott fundamenta suas abordagens nos seguintes eixos teóricos:

a. As relações de gênero possuem uma dinâmica própria, mas também se articulam com outras formas de dominação e desigualdades sociais (raça, etnia, classe).

b. A perspectiva de gênero permite entender as relações sociais entre homens e mulheres, o que pressupõe mudanças e permanências, desconstruções, reconstrução de elemento simbólicos, imagens, práticas, comportamentos, normas, valores e representações.

c. A categoria gênero reforça o estudo da história social, ao mostrar que as relações afetivas, amorosas e sexuais não se constituem realidades naturais.

d. A condição de gênero legitimada socialmente se constitui em construções, imagens, referências de que as pessoas dispõem, de maneira particular, em suas relações concretas com o mundo. Homens e mulheres elaboram combinações e arranjos de acordo com as necessidades concretas de suas vidas.

e. As relações de gênero, como relações de poder, são marcadas por hierarquias, obediências e desigualdades. Estão presentes os conflitos, tensões, negociações, alianças, seja através da manutenção dos poderes masculinos, seja na luta das mulheres pala ampliação e busca do poder.

Outra autora que traz importante contribuição à temática do gênero é Teresita Barbieri (1992), que centra sua análise nos limites teóricos do patriarcado, desenvolvendo estudos sobre as condições de vida, de trabalho e sobre a cultura produzida pela mulher. Além disso, tece suas considerações sobre a sociedade como elemento gerador da subordinação feminina, enfatizando, ainda, que é da sociedade que surge e se expande a categoria gênero.

Como se pode observar, Scott e Barbiere compartilham da idéia de que o gênero se instaura questionando ordens epistemológicas, atravessando territórios interdisciplinares, efetivando o diálogo entre o movimento social (o feminismo) e a academia.

Tendo realizado o feito de formular um conceito de gênero que ilustra as diferenças reais entre homens e mulheres, ou seja, a de origem biológica e a cadeia de desigualdades socialmente construídas a partir das diferenças, os movimentos feministas tentam dar visibilidade às restrições impostas à mulher nos diversos segmentos da sociedade.

As restrições impostas à mulher dão lugar a um processo de exclusão que freqüentemente se ancora nas diferenças. Essa idéia da diferença permeia discursos hegemônicos, estando presente em falas sobre as desigualdades de gênero, impedindo que se lide adequadamente com o que distingue homens e mulheres. Diferença faz par com identidade, assim como desigualdade o faz com igualdade. No pensar de Laurentis (1987), o ser humano, ao tornar-se o “sujeito múltiplo”, percebe suas identidades sociais básicas (gênero, raça, etnia) e, por conseguinte, as diferenças que apresentam entre si.

No entanto, como são típicos da ideologia, os fenômenos são apresentados de forma inversa, traduzindo desigualdade por diferença, inversão que está, muitas vezes, presente nas esferas dos valores, crenças, benefícios, direitos e privilégios. Segundo Saffioti & Almeida (1995), “Rigorosamente, toda diferenciação, seja da natureza, seja da sociedade, é positiva, porquanto representa enriquecimento. Representações sobre a diferença podem ser apropriadas pela ideologia” e transformadas em estigmas, portanto, em algo negativo, conforme tem ocorrido com o feminino ao longo dos séculos.


Fonte: http://www.artigocientifico.com.br/

quarta-feira, 7 de março de 2012

União dos Palmares

Um dia após a realização da "caminhada pela paz" na cidade de União dos Palmares, outro assassinato choca a população na manhã desta quarta-feira (07/03). A cidade anda vivendo uma forte onda de violência que vem preocupado, amedrontando e indignando o nosso interior, são crimes que geralmente apresentam traços de crueldade e que têm acontecido cada vez mais perto da população. Os dados são alarmantes, visto que se trata de um interior, onde geralmente observam-se menores índices de violência. Somente em fevereiro foram registrados 12 assassinatos na cidade.
A polícia já está investigando os homicídios ocorridos nas últimas semanas e entre suas suspeitas, acredita-se que o envolvimento de drogas seja um dos principais indícios que agravam esses lamentáveis crimes ocorridos em União dos Palmares a chamada, "terra da liberdade."


É com grande tristeza que registro aqui esta breve nota. Que ainda possamos viver dias melhores em nossa cidade!

Priscila Morais