- EBSERH: UMA EMPRESA ESTATAL A SERVIÇO DO PRIVADO -
Recentemente o governo federal criou a EBSERH para gerenciar os
hospitais universitários apostando numa maior eficácia de gestão em
parâmetro privado. Na prática teremos profissionais da saúde sem
concurso público, sem estabilidade no emprego, sem plano de carreira,
com salários dependentes do aumento da jornada de trabalho e
evidentemente sem identidade com a finalidade de um hospital escola.
Todavia, o que está por traz da criação desta empresa estatal não é
apenas redução de custo com o aprofundamento da precarização do
trabalho, mas também na forma de financiamento, pois mesmo se tratando
de uma empresa estatal onde parte da receita virá dos cofres públicos, a
outra parte virá da venda de serviços que implica também na
privatização. Todos os trabalhadores tenderão no futuro a pertencer ao
regime CLT, extinguindo progressivamente o Regime Jurídico Único.
No governo FHC tivemos um processo de privatização das empresas
estatais, onde se alegava que as empresas estatais eram ineficientes e
que deveria o Estado se afastar desta atividade focalizando apenas nas
suas funções essenciais: saúde, educação, previdência, etc. O que vimos
em seguida foi o afastamento do Estado dos gastos sociais, enquanto
privilegiou o pagamento do serviço da dívida pública ao mesmo tempo em
que acelerou a privatização da Seguridade Social, especialmente a saúde e
a previdência. Tudo isso foi acompanhado por uma gigantesca doação de
dinheiro público para salvar bancos, montadoras, empreiteiras,
agronegócios e demais grandes empreendimentos capitalistas,
especialmente depois da crise mundial de 2008. Com esta crise o que
vimos foi a revelação do fracasso da politica neoliberal. Todavia, se
alegava que o Estado não dispunha de recursos para investir na área
social. Tão logo ocorre a crise este Estado, especialmente nos EUA
realiza uma grande intervenção liberando crédito e estatizando os
grandes bancos e grandes empresas como a General Motors.
Ou
seja, a suposta eficácia da gestão privada não sobreviveu aos fatos já
que no ápice desta ideologia o que vimos foi o completo fracasso da
iniciativa privada, tantos nos países centrais como nos países
subdesenvolvidos. No Brasil, nos 16 anos dos dois mandatos de FHC e Lula
da Silva o Brasil pagou R$ 6, 5 trilhões referentes serviço da dívida
pública. Somente em 2011 o país pagou R$ 708 bilhões de dívida pública, o
que corresponde mais de 10 vezes o valor efetivamente investido em
saúde pela União. O Estado de Alagoas pagou em 2012 R$ 600 milhões para a
dívida pública, valor superior ao investido em saúde pública.
Desta forma o governo Dilma Roussef, usando o regime de empresa estatal,
dá continuidade ao processo de privatização, porém por outros meios.
Com isso o que teremos pela frente é o mercado definindo os rumos dos
Hospitais Universitários e por sua vez do ensino, pesquisa e extensão ao
mesmo tempo em que acelera a contratação de serviços privados para a
prestação de serviços nestes HUs. Na essência querem induzir é que a
forma de gestão baseada no serviço público é ineficiente e por sua vez a
via privada o exemplo a ser seguido. Trata-se da repetição do argumento
básico usado nos ano 1980/90 pelos governos neoliberais. Os hospitais
públicos e estatais na Inglaterra são reconhecidamente eficientes como
destacou o jornal da globo na semana passada. Isto é possível porque o
Estado Inglês é responsável pelo financiamento de 83% dos gastos com
saúde. Lá um médico ganha R$ 15 mil no início de carreira pode chegar a
R$ 45 mil no final de carreira. As consequências imediatas desta
política é que os médicos e demais profissionais da saúde na Inglaterra
preferem trabalhar na Saúde pública ao invés do setor privado, pois tem
uma carreira pela frente além de excelentes condições de trabalho e
grande investimento em equipamentos e instalações. A precarização do
trabalho e a venda de serviços não é o melhor caminho.
O que
observamos nas empresas estatais existentes é processo de aceleração da
privatização interna que reflete a correlação de força num governo que
tem uma base aliada constituída pelos grandes grupos capitalistas que
querem ganhar mais dinheiro, ainda, privatizando mesmo onde
juridicamente se trata de uma empresa estatal. Isto fica mais claro
quando tratamos da Petrobras, Banco do Brasil, CEF, Correios, onde os
interesses privados determinam precarização do trabalhado em dimensão
próximas do setor privado.
O caminho a seguir não é criar uma
empresa estatal para precarizar o trabalho, burlar os direitos
trabalhistas dos servidores públicos e burlar a Lei de licitação, além
de buscar outras fontes de financiamento baseado na cobrança pelos
serviços hospitalares. Se o governo federal tem dinheiro para salvar
bancos, para construir estádios para copa de 2014, para subsidiar os
grandes industriais e gasta metade do orçamento com a dívida pública por
que não tem recursos para a abertura de concurso público para
substituir os terceirizados e para o financiamento de HUs públicos e
estatais? Será que este governo e sua base aliada não pretendem permitir
que estes hospitais públicos se transformem em espaços de
enriquecimento privado e trafico de influência política? Os HUs precisam
é de democratizar sua gestão ampliando a transparência e permitindo a
participação da comunidade seja os trabalhadores que nele atuam, como os
demais trabalhadores que dele necessitam.
Fórum em Defesa do SUS e contra a Privatização.
Vamos dizer não à EBSERH!
Saúde não é mercadoria!
Saúde não se vende, se defende!
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