O CFESS comemora o dia do assistente social lançando a Campanha do Dia do/a Assistente Social de 2014, em defesa do direito à cidade.
“Na Copa, comemorar o quê?”. É com este mote criativo e provocativo que
o Conjunto CFESS-CRESS apresenta o material alusivo ao Dia do/a
Assistente Social 2014, celebrado em 15 de maio. A campanha foi
elaborada a partir da temática “Serviço social na defesa do direito à
cidade no contexto dos megaeventos”, definida pelo 42º Encontro Nacional
CFESS-CRESS, realizado em 2013.
O assunto já vem sendo debatido pelo Conjunto CFESS-CRESS há alguns
anos. As participações do Conselho Federal nas conferências nacionais
das Cidades (2010 e 2013), a realização de um seminário sobre serviço
social e questão urbana (2011) e a articulação do CFESS com o Fórum
Nacional de Reforma Urbana (FNRU) demonstram que o serviço social
brasileiro vem acumulando conhecimento na área. E agora, com a
proximidade dos megaeventos, principalmente da Copa, assistentes sociais
do Brasil precisam marcar posicionamento crítico às questões postas e
as que estão por vir.
Afinal, debater as cidades nunca se resumiu somente à infraestrutura ou
à moradia: significa trazer à tona temas que estão interligados, como
saúde, educação, segurança, transportes, cultura, lazer... Inclusive as
relações humanas que as cidades propiciam!
Não à toa que, em junho de 2013, o Brasil foi tomado por inúmeras
manifestações exigindo melhorias, principalmente na área da educação e
da saúde. “Da Copa eu abro mão, eu quero mais dinheiro para a saúde e a
educação” foi uma das palavras de ordem que tomaram conta das
mobilizações por todo o país.
Tudo isso se contrapõe ao discurso dominante de que os megaeventos
deixarão um legado sociourbano e socioambiental positivos. O que se vê,
até o momento, são altos investimentos em estádios, sendo que muitos
deles se tornarão “elefantes brancos”, além de obras emergenciais de
pouca resolutividade, que estão longe de atender à demanda da população,
bem como diversas denúncias de superfaturamento.
Bom destacar, ainda, a série de violações de direitos humanos que a
população mais pobre vem sofrendo: despejos e desapropriações
truculentos de pessoas em assentamentos informais.
Isso sem contar as mortes de operários nas obras para a construção de
estádios e até mesmo denúncias de que trabalhadores migrantes teriam
sido encontrados em situação análoga a de escravos na obra de ampliação
do aeroporto de Guarulhos (SP). Ou seja, a classe trabalhadora continua
sendo esmagada e violada em seus direitos.
Queremos saúde e transporte públicos de qualidade! Queremos moradia digna!
Se não há motivos para comemorar, sobram razões para protestar! Porque a
Copa está servindo para escancarar os contrastes da sociedade
brasileira, escancarar que o capital é, mais uma vez, colocado em
primeiro plano, deixando a população à mingua e massacrada pelo não
atendimento às suas necessidades.
O material alusivo ao Dia do/a Assistente Social 2014 não só alerta que
não há o que se comemorar com a Copa, mas também reafirma a necessidade
urgente de três direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988, e
que não são priorizados pelo poder público.
As imagens da campanha tiveram como palco Brasília (DF). A cidade, que
deveria ser exemplo para o país, já que é a capital federal, confirma
sua referência negativa de ser a capital da corrupção, das desigualdades
e dos contrastes.
A fotografia sobre moradia, por exemplo, foi feita numa comunidade a
pouco mais de quatro quilômetros do Congresso Nacional. As imagens sobre
o transporte e saúde revelam o descaso do Estado com a classe
trabalhadora, que sofre, cotidianamente, com as péssimas condições dos
coletivos e com a falta de atendimento nos hospitais e postos de saúde
não só em Brasília, mas por todo Brasil.
E foi nesse mesma cidade sede da Copa que se construiu o estádio mais
caro deste megaevento. O Estádio Nacional Mané Garrincha, segundo
noticiado por vários meios de comunicação, tem um custo final estimado
em R$1,9 bilhões. Ainda conforme a mídia, levando-se em consideração o
resultado operacional com jogos e eventos obtidos em um ano após a
conclusão da obra, cerca de R$1.137 milhões, serão precisos 1.167 anos
para recuperar o que se gastou.
Está ou não está explicado por que a Copa vem escancarar as nossas
mazelas? Afinal, não se vê o mesmo ânimo dos governantes para investir
dinheiro público em direito social, como a educação pública, saúde
pública, moradia, transporte etc.