Sobre a atual conjuntura Política do Brasil
Texto do professor Dr. Ivo Tonet.
1. Estamos vivendo um verdadeiro teatro de sombras. O enredo: o problema
da corrupção e os desmandos que vem ocorrendo nesse país. No entanto, o
verdadeiro teatro se desenrola em outro lugar: a crise, que se acirra, e
a luta de interesses no seu enfrentamento.
2. Concentrar o foco na questão da corrupção e nos desmandos é uma cortina de fumaça orquestrada pelas classes dominantes para esconder o verdadeiro objetivo. Para isso ela usa todos os meios possíveis, especialmente a mídia, inteiramente dominada por ela. Martela, então, o tempo inteiro que a culpa de todos os problemas de corrupção e de piora das condições de vida é do PT, da esquerda, dos comunistas. É importante criar esse clima de revolta contra a esquerda para poder atingir o seu verdadeiro objetivo.
3. Infelizmente, muitos, inclusive na esquerda, se deixam capturar por esse teatro de sombras.
4. Qual o verdadeiro problema? Diante da crise que se avoluma, a burguesia precisa tomar medidas duras para preservar os seus interesses. Medidas duras significam um brutal ajuste fiscal e este é sinônimo de corte de recursos para os problemas sociais, supressão de direitos e rebaixamento dos salários e aposentadorias dos trabalhadores. O objetivo: reduzir o valor da força de trabalho para poder aumentar os seus lucros. Tudo isso em associação com suas parceiras internacionais, sequiosas por aprofundar o saque das riquezas naturais do país. Não se pode esquecer, além disso, que o imperialismo norte-americano está envidando esforços para retomar o controle pleno da América Latina e da América Central. Este é o pano de fundo, onde se trava a verdadeira batalha.
5. Quem deve pagar a conta desses verdadeiros desmandos é a classe trabalhadora.
6. Para poder fazer esse duro ajuste fiscal, a burguesia precisa tomar em suas mãos diretamente o poder do Estado porque serão necessárias muita violência e muita repressão. Por isso a burguesia quer se livrar de intermediários que atrapalham esse processo.
7. Até há pouco tempo, quando as condições internacionais eram favoráveis, a burguesia lançou mão da mediação de governos que, provindos da classe trabalhadora, facilitavam os seus ganhos e, ao mesmo tempo, com medidas paliativas, amenizavam as contradições sociais. Esses governos se iludiram e iludiram os trabalhadores e boa parte da pequena burguesia acreditando que esse era o caminho para o progresso.
8. Já dizia Marx: “Você pode fazer alianças até com o diabo. Mas, o que você não pode perder é o controle”. Ora, o preço que o PT pagou para chegar ao poder foi exatamente a perda do controle. Quem sempre mandou e continua a mandar é o capital! Certamente, ninguém, em sã consciência, pode negar que durante alguns anos de governos petistas os mais pobres melhoraram de vida, em vários aspectos. Mas, isso só foi possível porque os capitalistas ganhavam tanto dinheiro que não se importavam em deixar cair migalhas para os pobres. Migalhas que também possibilitaram melhorias para a pequena burguesia.
9. No entanto, as melhorias para os pobres não se traduziram em aumento da consciência de classe, em organização autônoma, em incentivo para que os trabalhadores assumissem a luta por outro projeto de sociedade. Eles foram transformados em clientes do Estado. Pior: os trabalhadores foram cooptados pela burocracia sindical e por vários partidos e atrelados aos interesses da burguesia, perdendo o seu verdadeiro objetivo: a superação do capitalismo. Durante todo esse tempo não só os trabalhadores nunca foram chamados a lutar por seus interesses, mas esses mesmos interesses foram várias vezes duramente atingidos.
10. Quando a crise se intensifica, a burguesia quer defender os seus interesses particulares. Por sua vez, a pequena burguesia fica insatisfeita porque vê a sua vida piorar. É o caldo de cultura para se manifestar abertamente todo o reacionarismo e conservadorismo das classes dominantes e da pequena burguesia.
11. Por outro lado, muitos trabalhadores também estão insatisfeitos com o retrocesso nas suas condições de vida. Isso cria uma situação perigosa porque se, por um lado, não querem apoiar a direita, por outro, não podem apoiar com força total um governo que, para enfrentar a crise, toma medidas contra eles mesmos.
12. Só resta um caminho para os trabalhadores: organização autônoma e independência ideológica e política. Construir um caminho próprio, tanto contra a direita como contra o governismo. Uma tarefa nada fácil, mas absolutamente necessária.
2. Concentrar o foco na questão da corrupção e nos desmandos é uma cortina de fumaça orquestrada pelas classes dominantes para esconder o verdadeiro objetivo. Para isso ela usa todos os meios possíveis, especialmente a mídia, inteiramente dominada por ela. Martela, então, o tempo inteiro que a culpa de todos os problemas de corrupção e de piora das condições de vida é do PT, da esquerda, dos comunistas. É importante criar esse clima de revolta contra a esquerda para poder atingir o seu verdadeiro objetivo.
3. Infelizmente, muitos, inclusive na esquerda, se deixam capturar por esse teatro de sombras.
4. Qual o verdadeiro problema? Diante da crise que se avoluma, a burguesia precisa tomar medidas duras para preservar os seus interesses. Medidas duras significam um brutal ajuste fiscal e este é sinônimo de corte de recursos para os problemas sociais, supressão de direitos e rebaixamento dos salários e aposentadorias dos trabalhadores. O objetivo: reduzir o valor da força de trabalho para poder aumentar os seus lucros. Tudo isso em associação com suas parceiras internacionais, sequiosas por aprofundar o saque das riquezas naturais do país. Não se pode esquecer, além disso, que o imperialismo norte-americano está envidando esforços para retomar o controle pleno da América Latina e da América Central. Este é o pano de fundo, onde se trava a verdadeira batalha.
5. Quem deve pagar a conta desses verdadeiros desmandos é a classe trabalhadora.
6. Para poder fazer esse duro ajuste fiscal, a burguesia precisa tomar em suas mãos diretamente o poder do Estado porque serão necessárias muita violência e muita repressão. Por isso a burguesia quer se livrar de intermediários que atrapalham esse processo.
7. Até há pouco tempo, quando as condições internacionais eram favoráveis, a burguesia lançou mão da mediação de governos que, provindos da classe trabalhadora, facilitavam os seus ganhos e, ao mesmo tempo, com medidas paliativas, amenizavam as contradições sociais. Esses governos se iludiram e iludiram os trabalhadores e boa parte da pequena burguesia acreditando que esse era o caminho para o progresso.
8. Já dizia Marx: “Você pode fazer alianças até com o diabo. Mas, o que você não pode perder é o controle”. Ora, o preço que o PT pagou para chegar ao poder foi exatamente a perda do controle. Quem sempre mandou e continua a mandar é o capital! Certamente, ninguém, em sã consciência, pode negar que durante alguns anos de governos petistas os mais pobres melhoraram de vida, em vários aspectos. Mas, isso só foi possível porque os capitalistas ganhavam tanto dinheiro que não se importavam em deixar cair migalhas para os pobres. Migalhas que também possibilitaram melhorias para a pequena burguesia.
9. No entanto, as melhorias para os pobres não se traduziram em aumento da consciência de classe, em organização autônoma, em incentivo para que os trabalhadores assumissem a luta por outro projeto de sociedade. Eles foram transformados em clientes do Estado. Pior: os trabalhadores foram cooptados pela burocracia sindical e por vários partidos e atrelados aos interesses da burguesia, perdendo o seu verdadeiro objetivo: a superação do capitalismo. Durante todo esse tempo não só os trabalhadores nunca foram chamados a lutar por seus interesses, mas esses mesmos interesses foram várias vezes duramente atingidos.
10. Quando a crise se intensifica, a burguesia quer defender os seus interesses particulares. Por sua vez, a pequena burguesia fica insatisfeita porque vê a sua vida piorar. É o caldo de cultura para se manifestar abertamente todo o reacionarismo e conservadorismo das classes dominantes e da pequena burguesia.
11. Por outro lado, muitos trabalhadores também estão insatisfeitos com o retrocesso nas suas condições de vida. Isso cria uma situação perigosa porque se, por um lado, não querem apoiar a direita, por outro, não podem apoiar com força total um governo que, para enfrentar a crise, toma medidas contra eles mesmos.
12. Só resta um caminho para os trabalhadores: organização autônoma e independência ideológica e política. Construir um caminho próprio, tanto contra a direita como contra o governismo. Uma tarefa nada fácil, mas absolutamente necessária.