sábado, 1 de agosto de 2015

Movimentos sociais – Parte II



Pessoal, conforme falei no penúltimo post, farei uma pequena série tratando sobre movimentos sociais. A primeira parte para relembrar está aqui (link). Daremos então continuidade agora com o Movimento Sem Terra.
Lembrando que o texto abaixo foi extraído (em partes) do livro 5 – Biblioteca Básica do Serviço Social, tópico que trata sobre o MST.
Outro lembrete, esse texto adota uma perspectiva teoria crítica que é também a perspectiva adotada pelo Serviço Social em suas bases legais, tais com Código de Ética, Lei de Regulamentação, demais diretrizes curriculares do Serviço Social e pelo conjunto CRESS/CFESS. Não é um posicionamento pessoal, e sim, o posicionamento da profissão que escolhi. Posicionamento este, que enquanto assistente social tenho que estar a par do entendimento e não ignorar e fazer serviço social da forma que eu quiser.

Feitos os lembretes, boa leitura!
Priscila

Iniciemos:



(MST) – Movimento Sem Terra




“O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é o movimento social de maior expressão na realidade brasileira e um dos de maior relevância na América Latina. Por meio de sua estrutura organizativa, formas de organização e expressão de suas reivindicações e lutas, contribuiu para publicizar e politizar o tema da questão agrária no Brasil, país que ocupa o segundo lugar em concentração de terras, perdendo somente para o Paraguai.”
O embrião do movimento sem terra surgiu no Sul do país. Suas lutas foram impulsionadas principalmente pela ação pastoral dos cristãos ligados à Teologia da Libertação, por meio do protagonismo da Comissão Pastoral da Terra (CPT, vinculada a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), pelo apoio de partidos políticos da esquerda, principalmente o PT e pelo novo sindicalismo em ascensão a CUT.
 O MST está organizado em 23 estados brasileiros. Grande parte dos trabalhadores assentados se organiza em torno de cooperativas e associações coletivas, associadas às centrais estaduais ligadas à Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab). Toda essa organização corrobora para a efetivação dos princípios filosóficos e pedagógicos aplicados nos acampamentos e assentamentos, os quais se voltam para a cooperação, a educação de classe, formação da sociedade por meio de valores humanistas e socialistas e para a transformação social.
Uma das principais conquistas do MST, no campo político, tem sido a de recolocar o tema da reforma agrária em pauta de discussão da sociedade e do Estado Brasileiro.
O projeto político e hegemônico do MST não se limita à realização da reforma agrária nos marcos do sistema capitalista, sendo seu horizonte de luta a construção de uma sociedade igualitária e socialista. É inegável o potencial de confronto do Movimento com o capitalismo, por apresentar propostas de desenvolvimento e práticas de atuação e organização questionadoras do modelo vigente.
Segundo Stedile e Fernandes (1999) o MST adquiriu e vem adquirindo três características específicas: é um movimento popular, tem um componente sindical e possui um caráter político. O caráter “popular” expressa-se por meio da possibilidade de participação de todos os trabalhadores nas lutas, independente de sua atuação ou condição como camponês. Ao associar o componente sindical ao caráter político do movimento, salienta que a luta pela terra não se restringe ao caráter corporativo sindical, mas envolve uma luta que aglutina interesses particulares, corporativos, com os interesses de classe. Ou seja, há o entendimento de que a luta pela Reforma Agrária, embora possua uma base camponesa, é parte da luta de classes. Em outras palavras, o MST vem convertendo a luta dos trabalhadores do campo numa mediação da luta de classes.
 É nessa direção que o Movimento também incorporou os trabalhadores excluídos da cidade e do meio rural. É um exemplo dessa relação a relação com outros movimentos sociais urbanos, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores Desempregados.
As articulações do MST com as demandas e lutas urbanas vêm criando possibilidades de uma compreensão de luta de classes em sua totalidade, o que pode fortalecer a construção de resistências e ações contra-hegemônicas ao capital.

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