sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Determinações sócio-históricas do instrumental técnico-operativo do Serviço Social


Com base no texto da Professora Rosa Lúcia Predes Trindade: Desvendando as determinações sócio-históricas do instrumental técnico-operativo do Serviço Social na articulação entre demandas sociais e projetos profissionais.



O serviço social passou por diferentes concepções e distintas compreensões sobre seus objetos e seus objetivos profissionais ao longo dos anos, bem como o seu instrumental técnico operativo.

No período inicial do SSO no Brasil, seu componente técnico operativo é incorporado às tradicionais formas de assistência, sob a orientação técnica e doutrinária da ação social católica. Alguns dos procedimentos técnicos usados pelo SSO nessa época eram: estudos individuais, familiares e de localidades carentes, era feita uma avaliação das solicitações de ajuda para a população carente, triagens, aconselhamentos e visitas domiciliares. Nesse contexto a relação era estabelecida entre o assistente social e o “cliente”.

No início de sua profissionalização, quando o SSO passa a trabalhar para instituições estatais e para-estatais, esse não se diferencia muito daqueles próprios, as tradicionais formas de assistência e caridade. As formas de operacionalizar as tarefas continuam as mesmas, porém o contexto histórico se modifica, pois com o crescimento expressivo da classe trabalhadora, as intervenções nas manifestações da questão social exigem práticas mais eficientes, do que benesses. O serviço social nesse momento fica encarregado de uma forma de intervenção ideológica, sendo a assistência agora voltada para o enquadramento da população pobre e dos trabalhadores, atendendo assim, aos interesses da classe dominante, no Brasil.

Um pouco mais adiante, a partir dos anos 30, o serviço social brasileiro recebe influencias psicologizantes do SSO norte americano, empreendidas por Mary Richmond, através de práticas individuais de assistência que tendia a responsabilizar o individuo por sua condição social, era o chamado “serviço social de casos”, cujas técnicas eram constituídas em três fases: estudo, diagnóstico e tratamento.

Ainda sob influencias da psicologia e psicanálise, surge na década de 60 no Brasil o serviço social de grupo, que atua de forma geral na solução de problemas pessoais de relacionamento e socialização. Esse método adquire maior divulgação através do trabalho de Gisela Konopka, assistente social e psicanalista. É na década de 60 que o SSO de grupo se consolida junto com o “desenvolvimento de comunidade”, uma intervenção profissional voltada para a promoção da harmonia social na relação Estado/sociedade, por meio de uma abordagem “coletiva.”

O SSO de desenvolvimento de comunidade tem a oportunidade de trabalhar com uma equipe multidisciplinar, que recorrem a instrumentos e técnicas, tais como: documentação, observação, entrevistas e diálogos, reuniões e palestras.

Nos anos 70 o SSO passa a fazer parte do conjunto de profissões cuja formação é colocada a serviço do projeto capitalista monopolista no Brasil, sendo o Estado seu principal empregador. Nessa década os assistentes sociais assumem atividades de planejamento, coordenação e acompanhamento de avaliações de programas sociais. A requisição era por profissionais que dominassem a burocracia estatal e utilizassem a pesquisa e o planejamento como instrumentos prioritários de suas práticas. Esse novo projeto do serviço social denomina-se: projeto profissional modernizador que busca atender as demandas postas pelos governos ditatoriais.

Nos anos 80 surge no SSO à vertente fenomenológica, que embora traga um novo referencial teórico-filosófico para a profissão, permanece alinhado, a projetos já existentes, como o atendimento individual provindo do serviço social de casos.

A fenomenologia valoriza o homem como pessoa, como um sujeito racional e livre, através de um processo de ajuda psicossocial, utilizando técnicas como, o diálogo tendo em vista ouvir a pessoa e junto com a mesma apontar soluções para seus problemas.

Na passagem dos anos 70 para os anos 80, num contexto de transformações políticas e históricas no país, se instala a vertente de ruptura do SSO com o conservadorismo. A partir disso surge de fato um “novo projeto profissional” que compreende os problemas sociais como fruto das desigualdades produzidas pelo capitalismo, rejeitando sua compreensão como problemas individuais que precisem de “tratamento social.” Assim a atuação do serviço social volta-se para abordagens coletivas de mobilização da população para o atendimento de suas necessidades.

Diante disso, é possível perceber que o instrumental técnico-operativo do serviço social assume outra direção. Na segunda metade da década de 80 o SSO adquire maior consciência critica no processo de ruptura por meio do conhecimento das teorias sociais de Marx e um intercambio com as ciências sociais. Assim o instrumental técnico operativo da profissão atualmente se dá a partir do contato com a realidade, pois será por meio desta que o serviço social irá encontrar respostas para intervir em seu objeto de trabalho, a questão social e na conscientização dos indivíduos.

Priscila Morais.

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