quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Sobre o livro: A História Social dos Direitos Humanos

Pessoal, estou fazendo atualmente a leitura do livro: História Social dos Direitos Humanos do Damião. Tem sido uma das leituras mais agradáveis e enriquecedoras que eu fiz nos últimos meses. O autor faz um resgate histórico e político-social dos principais acontecimentos que culminaram na composição daquilo que se convenciona chamar de Direitos Humanos. O seus relatos vão desde o período feudal com o Estado Moderno (aristocracia absolutista, alto clero, privilégios em decorrência do nascimento e as classes fundamentais desse período: servos e senhores) até a Revolução Francesa - leia-se: Revolução Burguesa - na qual em 1789 se institui a primeira Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e posteriormente a primeira Constituição nos moldes de uma Monarquia Constitucionalista em 1791. A partir desse ‘ponta pé’ inicial da Revolução Francesa, segundo Damião, tem-se nesse primeiro documento “o atestado de óbito do absolutismo”. Porém, o desenrolar da história vai mostrar que não foi bem assim que os acontecimentos sucederam. A burguesia que surgiu, enquanto classe, no âmago do feudalismo, compunha o Terceiro Estado (composto pela burguesia ascendente, camponeses, artesões e populares) eram a base econômica da sociedade, no entanto, não tinham vez e nem voz política, dada a ordem socialmente estabelecida, o absolutismo que atribuía ao alto clero (Primeiro Estado) e a realeza (Segundo Estado) plenos poderes políticos (morais, administrativos, ideológicos e religiosos).
A burguesia não conformada com as restrições políticas, inicia então movimentos insurrecionais contra a ordem vigente, eis que aí se inicia a Revolução. Após a conquista do poder político pela burguesia e a instituição da já referenciada Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a burguesia passa a apresentar um movimento ‘moderado’ em relação à Revolução, ou seja, de conservação da atual ordem. Nas palavras do autor, a burguesia queria tão somente a ascensão política que não lhe era permitida, o que essa classe pretendia em verdade era implantar um Constitucionalismo e não uma República democrática, como esbravejava em seu jargão que até hoje representa esse período histórico: "Liberdade, Igualdade e Fraternidade".  Ideais esses, que Damião vai mostrar em seu livro que são incompatíveis com a realidade. A liberdade aí inscrita se constitui em uma liberdade civil (ou como outros autores como Montaño e Duriguetto colocam – liberdade negativa, formal e liberdade de mercado) e não liberdade social e humana, essa conquista da burguesia representa o que no texto do Marx (Glosas Criticas) o autor irá chamar de (Emancipação Política) em contrário da (Emancipação humana). E quanto a igualdade, está foi a que mais se distanciou de seu principio social, a igualdade existia de forma bastante restrita apenas no âmbito civil. O direito mais protegido, dito como inviolável e inalienável era o direito a propriedade privada, isso também corresponde a inspiração liberal, na qual a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi inspirada: o Jusnaturalismo.  
A revolução durou longos vinte anos, entre idas e vindas, avanços e retrocessos, no que se referem aos direitos civis, políticos e principalmente sociais.
O autor desmitifica o que parte da história não contou a respeito da Revolução Francesa e seus ideais de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. E conta como a classe burguesa de revolucionária se torna conservadora, em decorrência disso, a bandeira da revolução troca de mãos, com o surgimento da classe que foi criada pelo próprio capitalismo, a classe trabalhadora.
        Em meio aos desdobramentos históricos, Damião vai falar sobre os embates e a correlação de forças entre as duas classes fundamentais no interior da sociedade agora, aí nesse momento, burguesa. Na luta, que segundo o autor é apropriada pela classe trabalhadora, pela conquista e efetivação dos Direitos Humanos e posteriormente a ultrapassagem dessa sociedade.
É um livro de grande conteúdo moral, penso eu. Ao ler, é preciso entender que nele contém muitos nomes que foram esquecidos ao longo do tempo, que foram perdidos dos pensamentos e nunca mais sussurrados. Homens e mulheres que pagaram o preço da vida para conquistar o direito de ‘ser humano’.
A história segue, li mais da metade, acredito que termino entre essa e a outra semana.
Não pretendia me alongar tanto, era para ser apenas um breve comentário para deixar o link de um resumo em PDF aos interessados, mas terminei me empolgando por se tratar de um livro muito rico, a meu ver. Eu venho aqui então indicar a leitura para vocês, querid@s seguidores e visitantes desse espaço virtual.

Boa Leitura!

Abaixo segue o resumo. Mas para aqueles que realmente se interessaram, deixo o link do livro para quem tiver interesse de adquirir. 




Priscila Morais

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