terça-feira, 13 de maio de 2014

Na copa, comemorar o quê? Queremos saúde e transporte públicos de qualidade! Queremos moradia digna!

O CFESS comemora o dia do assistente social lançando a Campanha do Dia do/a Assistente Social de 2014, em defesa do direito à cidade.

 Imagem mostra trabalhador em transporte coletivo lotado e os dizeres: na copa, comemorar o quê? nosso grito é por transporte público de qualidade

 

“Na Copa, comemorar o quê?”. É com este mote criativo e provocativo que o Conjunto CFESS-CRESS apresenta o material alusivo ao Dia do/a Assistente Social 2014, celebrado em 15 de maio. A campanha foi elaborada a partir da temática “Serviço social na defesa do direito à cidade no contexto dos megaeventos”, definida pelo 42º Encontro Nacional CFESS-CRESS, realizado em 2013.

 

O assunto já vem sendo debatido pelo Conjunto CFESS-CRESS há alguns anos. As participações do Conselho Federal nas conferências nacionais das Cidades (2010 e 2013), a realização de um seminário sobre serviço social e questão urbana (2011) e a articulação do CFESS com o Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU) demonstram que o serviço social brasileiro vem acumulando conhecimento na área. E agora, com a proximidade dos megaeventos, principalmente da Copa, assistentes sociais do Brasil precisam marcar posicionamento crítico às questões postas e as que estão por vir.

 

Afinal, debater as cidades nunca se resumiu somente à infraestrutura ou à moradia: significa trazer à tona temas que estão interligados, como saúde, educação, segurança, transportes, cultura, lazer... Inclusive as relações humanas que as cidades propiciam! 

 

Não à toa que, em junho de 2013, o Brasil foi tomado por inúmeras manifestações exigindo melhorias, principalmente na área da educação e da saúde. “Da Copa eu abro mão, eu quero mais dinheiro para a saúde e a educação” foi uma das palavras de ordem que tomaram conta das mobilizações por todo o país.

 

Tudo isso se contrapõe ao discurso dominante de que os megaeventos deixarão um legado sociourbano e socioambiental positivos. O que se vê, até o momento, são altos investimentos em estádios, sendo que muitos deles se tornarão “elefantes brancos”, além de obras emergenciais de pouca resolutividade, que estão longe de atender à demanda da população, bem como diversas denúncias de superfaturamento.

 

Bom destacar, ainda, a série de violações de direitos humanos que a população mais pobre vem sofrendo: despejos e desapropriações truculentos de pessoas em assentamentos informais.

 

Isso sem contar as mortes de operários nas obras para a construção de estádios e até mesmo denúncias de que trabalhadores migrantes teriam sido encontrados em situação análoga a de escravos na obra de ampliação do aeroporto de Guarulhos (SP). Ou seja, a classe trabalhadora continua sendo esmagada e violada em seus direitos.
 

Imagem mostra mulher com recém-nascido em fila de hospital e os dizeres: na copa, comemorar o quê? nosso grito é por saúde pública de qualidade 

Queremos saúde e transporte públicos de qualidade! Queremos moradia digna!
Se não há motivos para comemorar, sobram razões para protestar! Porque a Copa está servindo para escancarar os contrastes da sociedade brasileira, escancarar que o capital é, mais uma vez, colocado em primeiro plano, deixando a população à mingua e massacrada pelo não atendimento às suas necessidades.
 
O material alusivo ao Dia do/a Assistente Social 2014 não só alerta que não há o que se comemorar com a Copa, mas também reafirma a necessidade urgente de três direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988, e que não são priorizados pelo poder público.
 
As imagens da campanha tiveram como palco Brasília (DF). A cidade, que deveria ser exemplo para o país, já que é a capital federal, confirma sua referência negativa de ser a capital da corrupção, das desigualdades e dos contrastes.
 
A fotografia sobre moradia, por exemplo, foi feita numa comunidade a pouco mais de quatro quilômetros do Congresso Nacional. As imagens sobre o transporte e saúde revelam o descaso do Estado com a classe trabalhadora, que sofre, cotidianamente, com as péssimas condições dos coletivos e com a falta de atendimento nos hospitais e postos de saúde não só em Brasília, mas por todo Brasil.
 
E foi nesse mesma cidade sede da Copa que se construiu o estádio mais caro deste megaevento. O Estádio Nacional Mané Garrincha, segundo noticiado por vários meios de comunicação, tem um custo final estimado em R$1,9 bilhões. Ainda conforme a mídia, levando-se em consideração o resultado operacional com jogos e eventos obtidos em um ano após a conclusão da obra, cerca de R$1.137 milhões, serão precisos 1.167 anos para recuperar o que se gastou.
 
Está ou não está explicado por que a Copa vem escancarar as nossas mazelas? Afinal, não se vê o mesmo ânimo dos governantes para investir dinheiro público em direito social, como a educação pública, saúde pública, moradia, transporte etc.


Imagem mostra deficiente físico em frente a um barraco com péssimas condições de habitação e acessibilidade e os dizeres: na copa, comemorar o quê? nosso grito é por moradia digna

Nenhum comentário:

Postar um comentário