terça-feira, 17 de julho de 2012

Breve esclarecimento...


O Serviço social é hoje uma profissão de cunho contraditório, pois ao passo que tem que atender as necessidades de seus empregadores, tem que prioritariamente atender as necessidades humanas básicas dos indivíduos em situação de vulnerabilidade, sendo esse seu principal objetivo, seguindo conforme o comprometimento da profissão com um código de ética profissional e o projeto ético político da mesma com a classe trabalhadora.
Sabe-se que a profissão ficou estigmatizada como prática de caridade, ajuda ao próximo, benevolência e depois assistencialismo. Isso se deu por conta do surgimento do serviço social ligado a igreja católica e por isso fiel as tradições cristãs de boa conduta e moral da sociedade (o serviço social passa a assumir uma identidade atribuída) a principio atribuída à igreja, onde a caridade era exercida pelas freiras de diversas ordens, anos depois essa mesma identidade passou a ser administrada pelo Estado (periodo da ditadura militar).
No periodo de grande repressão provocado pela ditadura, o país passou por grandes transformações culturais, econômicas e sociais de modo que o Estado precisaria manter a ordem social, acalmar os ânimos e conflito gestados por aquele periodo. Eis que então surge o Serviço social, como proposta do Estado para conter a população revoltosa, nessa época o serviço social assume um caráter não mais caritativo, mas assistencialista, e na verdade o interesse do Estado ao institucionalizar o serviço social como profissão foi manter a sociedade sobe controle, sem manifestações que viessem a comprometer a ordem, dessa forma o Estado por meio do serviço social distribuía migalhas a população e essa se contentava com o pouco que recebiam e ainda acreditavam que era “bondade” do governo, mas essa bondade escondia interesses de um sistema cruel e doente.
Apesar da ditadura militar ter sido uma época de atraso em diversos aspectos para o Brasil, o serviço social teve um bom crescimento e evolução enquanto profissão, pois apesar de ser usado para atender aos interesses do estado ditatorial, não há como negar que a profissão adquiriu grande visibilidade e com isso houveram investimentos em cursos profissionalizantes em serviço social no campo da graduação e posteriormente na pós-graduação. Nesse periodo pós-ditadura e após algumas mudanças pela qual o país passou e junto com ele o serviço social, esse passou a ter acesso a teoria social de Karl Marx baseada em sua dialética e categorias teóricas que fizeram do serviço social uma profissão estritamente critica e comprometida com os direitos dos indivíduos acima de qualquer empregador como foi dito a cima. O serviço social passa a assumir uma identidade adquirira.
Então, o serviço social enquanto profissão após a sua institucionalização não é caridade, passou pelo assistencialismo, mas após ter tomado posse do pensamento marxiano é uma profissão comprometida com o direito dos indivíduos em suas mais diversas instancias. A caridade foi e é uma pratica isolada exercida por qualquer individuo que deseje ajudar ao próximo, sendo esse ou não cristão, ou seja, o que as freiras praticavam e praticam em dias atuais, não é “serviço social” pode ser chamado de ajuda, prática social, filantropia... Enfim, mas não de “serviço social”.

Priscila Morais

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